Censura
A que ponto chegamos Pátria Amada

Publicado em 24 de outubro de 2022
Femup-1976Embalados pela avalanche de protestos dos movimentos estudantes e culturais, em 1976, tivemos classificada a música “Não pode parar”, de autoria de meu irmão Benjamin Lopes, no Femup – Festival de Música e Poesia de Paranavaí.
Naquele ano todos os conteúdos das músicas, contos e poesias tinham que passar pelo crivo do Dops antes de serem apresentados no Festival.Não deu outra: fomos “convidados” a comparecer à sede da  Polícia Federal, em Londrina, para prestar esclarecimentos a respeito da letra da composição.
Para minha surpresa, já que esperava o pior, fomos recebidos educadamente por um agente que questionou a motivação & intenção em relação a um trecho da música que dizia: “As coisas estão difíceis para baixa média e alta, a desgraça predomina e a justiça está em falta”.
Após alguns minutos, depois de nos convencer, através de saudável diálogo, a respeito da impertinência do conteúdo, concordamos que a música poderia concorrer com pequena modificação.
Importante destacar que a letra da música continha outras declarações contundentes, que não foram censuradas, tais como: “… Mas não pode parar, se parar a coisa aperta, a fome dá o alerta não dá nem para sonhar”.
Hoje, aos 70 anos, jamais imaginei viver para ver colegas terem seu direito de expressão cerceado, proibidos de propagar verdades, de exercerem o sagrado direito de informar.
A que ponto chegamos Pátria Amada!
Sou Chico Ramos
Jornalista
Alda - 391x69

2 comentários sobre “Censura
A que ponto chegamos Pátria Amada

  1. Pois é Chico, na dita ditadura militar, vocês não foram censurados, presos, ou tiveram sua fonte de renda bloqueada. Hoje, em plena democracia, até censura prévia existe, a que ponto chegamos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.