
Naquele ano todos os conteúdos das músicas, contos e poesias tinham que passar pelo crivo do Dops antes de serem apresentados no Festival.Não deu outra: fomos “convidados” a comparecer à sede da Polícia Federal, em Londrina, para prestar esclarecimentos a respeito da letra da composição.
Para minha surpresa, já que esperava o pior, fomos recebidos educadamente por um agente que questionou a motivação & intenção em relação a um trecho da música que dizia: “As coisas estão difíceis para baixa média e alta, a desgraça predomina e a justiça está em falta”.
Após alguns minutos, depois de nos convencer, através de saudável diálogo, a respeito da impertinência do conteúdo, concordamos que a música poderia concorrer com pequena modificação.
Importante destacar que a letra da música continha outras declarações contundentes, que não foram censuradas, tais como: “… Mas não pode parar, se parar a coisa aperta, a fome dá o alerta não dá nem para sonhar”.
Hoje, aos 70 anos, jamais imaginei viver para ver colegas terem seu direito de expressão cerceado, proibidos de propagar verdades, de exercerem o sagrado direito de informar.
A que ponto chegamos Pátria Amada!
Sou Chico Ramos
Jornalista
Pois é Chico, na dita ditadura militar, vocês não foram censurados, presos, ou tiveram sua fonte de renda bloqueada. Hoje, em plena democracia, até censura prévia existe, a que ponto chegamos!
Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil.