CLIMA TENSO
Candidatos ao Senado partem para o ataque em debate na Band Curitiba

Publicado em 19 de setembro de 2022

Oito candidatos ao Senado pelo Paraná participaram na noite deste sábado (17) de um debate promovido pela Band Curitiba. Em um clima tenso, estiveram presentes Aline Sleutjes (PROS), Alvaro Dias (Podemos), Desiree Salgado (PDT), Laerson Matias (PSOL), Orlando Pessuti (MDB), Paulo Martins (PL), Rosane Ferreira (PT-PV-PCdoB), Sergio Moro (União Brasil) e Orlando Pessuti (MDB).A duas semanas da eleição, Paulo Martins questionou duramente Sergio Moro e os dois trocaram farpas em busca de votos dos eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Alvaro Dias, apontado como líder nas pesquisas eleitorais, foi alvo constante dos demais concorrentes. A operação Lava Jato, Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também foram duramente criticados.

Laerson Matias iniciou as perguntas questionando Sergio Moro. O candidato do PSOL disse que havia cinco bolsonaristas no debate: Moro, Aline Sleutjes, Orlando Pessuti, Alvaro Dias e Paulo Martins. “Vocês são todos iguais. Apoiaram a gestão criminosa na pandemia que matou 680 mil brasileiros e o sigilo de 100 anos para proteger bandidos de estimação”, acusou Matias. Ele ainda questionou o fato de Moro ter tentado se candidatar por São Paulo. Moro respondeu que jamais fará alianças com o PT e lembrou os recursos recuperados pela Petrobras durante a operação Lava Jato.

Alvaro Dias, do Podemos
Em sua primeira pergunta, Paulo Martins (que é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro) mostrou sua estratégia de ganhar espaço entre os eleitores de Sergio Moro. Segundo a última pesquisa Ipec*, divulgada na sexta-feira (16), Martins está em terceiro na disputa, com 8%, atrás de Moro, com 25%, e Alvaro Dias, com 36%. Martins questionou o ex-juiz sobre supostas traições a Bolsonaro e ao senador Alvaro Dias e também lembrou que Moro tentou se candidatar por São Paulo.

“Em um eventual conflito de interesses o Paraná e São Paulo, qual a garantia que o senhor não vai trair o povo paranaense?”, questionou Martins a Moro. “Temos que abandonar a pequenez”, respondeu o ex-juiz. “Hoje estamos em uma situação extremamente complexa, temos um adversário em comum, eu e o presidente Bolsonaro, que é o Lula”. Martins rebateu e disse que Moro tenta ganhar votos entre os eleitores de Bolsonaro depois de traí-lo. “O acena para o eleitor do Bolsonaro dizendo que tem algo em comum com ele, talvez o senhor tenha algo em comum com o PT, que tentou derrubar o governo”.

Sergio Moro, do União Brasil
Alvaro Dias aproveitou perguntas de Aline Sleutjes e Orlando Pessuti para destacar que tem experiência no Senado e seria o mais preparado para continuar no cargo. “O Senado é a casa revisora, exige grande experiência, por isso me sinto à vontade para pedir o voto do povo paranaense. Quero auxiliar o presidente, seja ele quem for”, disse o candidato do Podemos. Pessuti disse, que caso eleito, fará esforços para trabalhar pela aprovação das reformas tributária, administrativa e política.

Em uma pergunta de Rosane Ferreira, Laerson Matias voltou ao ataque. “É uma vergonha o Senado paranaense. (Os três senadores do Paraná) não assinaram a CPI para investigar bandidos no MEC travestidos de pastores, que cobravam propinas em barras de ouro”. Ele disse ainda que Alvaro Dias “jogou cavalos” sobre os professores, lembrando o conflito de 1988.

Desirre Salgado, do PDT
No segundo bloco, Sergio Moro passou a ser alvo de Desiree Salgado. “O senhor traiu vários partidos, traiu o presidente da República, feriu as regras do processo legal e disse que nunca entraria na política. Como o povo paranaense poderá acreditar em alguma coisa que o senhor diga?”, questionou a candidata do PDT. Ela disse ainda que Moro só combate a corrupção “quando lhe beneficia”.

“Não traí ninguém. Sempre fui leal ao interesse público, aos meus valores e aos meus princípios”, rebateu o ex-juiz. Ele lembrou que ordenou as prisões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o que mostraria sua imparcialidade como juiz federal. Isso, segundo Moro, teria gerado reações no mundo político. “O sistema político não gosta de mim”, resumiu. Moro voltou a mostrar sua estratégia de mirar no PT ao questionar Aline Sleutjes sobre uma fala em que o ex-presidente Lula chamou setores do agronegócio de “fascistas”.

Paulo Martins, do PL
Paulo Martins perguntou para Rosane sobre como avançar nas privatizações. “O senhor falou sobre o agronegócio e se referiu à necessidade de ter investimentos em fertilizantes. Esse governo trabalhou pela privatização de uma empresa de fertilizantes aqui do lado, ligada à Petrobras”, disse a candidata do PV. Martins disse que a empresa (a Usina de Xisto de São Mateus do Sul) “dava prejuízo” e era gerida “politicamente”. “Esse não é o caminho, precisamos abrir o mercado”, afirmou o candidato do PL.

Na terceira rodada de perguntas, Aline Sleutjes perguntou como Sergio Moro se comportaria em relação aos prefeitos, sugerindo que três senadores do Paraná são distantes do estado. “O senador tem o dever de percorrer todo o estado, tem que ser forte e independente, tem que estar envolvido nos grandes debates nacionais. Discutir a reforma da Justiça, ficamos desanimados hoje com o que está acontecendo”, disse Moro. “O municipalismo é difícil para quem não gosta de apertar nas mãos e olhar nos olhos”, respondeu Aline Sleutjes. “Como deputada, atendi 300 cidades. Não adianta passar oito anos distante, achando que os problemas vão chegar até lá”.

Rosane Ferreira (PV), da Federação Brasil Esperança
Em uma pergunta para Paulo Martins, Alvaro Dias disse que levou obras para o estado, a fim de rebater as acusações de outros candidatos de que estaria distante. “Andei muito e não fui passear, eu levei obras”, afirmou o candidato à reeleição. Paulo Martins falou em trabalhar para aumentar as receitas dos municípios. “Não é possível os municípios terem quase 100% das pessoas e ficarem só com 9% das receitas. Temos que reverter isso, temos experiências internacionais e federativas, como na Alemanha e nos Estados Unidos, em que os municípios têm mais poder”.

Alvaro Dias deixou claro que fez a pergunta para falar sobre sua atuação. “Fiz a pergunta para responder. Estamos sempre presentes com realizações. Agora, se o senador visitar muito uma cidade, tem que mandar ele de volta para Brasília, porque é lá que ele deve estar trabalhando”. Ele citou como exemplo um projeto de sua autoria que repassara os valores arrecadados com a taxa de iluminação diretamente para os municípios.

Aline Sleutjes, do PROS
A operação Lava Jato virou alvo na pergunta feita por Rosane Ferreira para Desiree Salgado. “A senhora acha que os fins justificam os meios?”, questionou a candidata do PV. “Sou uma constitucionalista. A Constituição não permite que alguém se coloque no lugar de justiceiro e esteja contra um partido sendo servidor público”. Rosane Ferreira lembrou do risco de cortes no orçamento do programa Farmácia Popular, do governo federal, para o próximo ano.

Orlando Pessuti questionou Sergio Moro sobre sua atuação, caso seja eleito, para beneficiar os municípios. “Hoje os municípios dependem muito de emendas parlamantares. Precisamos não transferir tantos recursos para Brasília para depois termos que ir lá mendigar”, respondeu o ex-ministro. “Nesta bancada temos senadores, deputados e ex-ministros que falaram, durante dezenas de anos, mas não fizeram as reformas que o país percisa, e que agora estão dizendo que vão fazer”, disse Pessuti.

Orlando Pessuti, do MDB
O clima voltou a ficar tenso quando Laerson Matias questionou Paulo Martins sobre o chamado orçamento secreto do governo federal. “Seu presidente criou o orçamento secreto para comprar apoio no Congresso Nacional e para proteger o (ex-ministro da Saúde) Pazuello criou um decreto com sigilo de 100 anos. O senhor apoia isso?”, perguntou.

Martins disse que tratava de “fake news” do candidato do PSOL. “Não existe orçamento secreto. Foi uma proposta do Congresso Nacional, que tensionava com o Poder Executivo naquele momento. O presidente vetou esse chamado orçamento secreto, na devolução o Congresso decidiu derrubar o veto do presidente”. Laerson acusou Martins de “pegar” uma das emendas aprovadas na Câmara. “Mais uma acusação leviana, dizer que um ou outro deputado pegou é ridículo. São destinações para os municípios”, disse o candidato do PL.

Laerson Matia, do PSOL
Na última pergunta, Paulo Martins voltou a tentar encurralar Sergio Moro. Ele questionou o ex-juiz sobre a atuação recente do Supremo Tribunal Federal (STF) no combate às notícias falsas e no inquérito que investiga empresários suspeitos de apoiarem um golpe. “Temos uma atividade no STF que não é vista em nenhuma parte do mundo. É juiz sendo investigador, sendo vítima. Não vi o senhor se pronunciar”, afirmou o candidato do PL.

“É uma pergunta pertinente. Cabe ao Senado sabatinar o indicado ao Supremo. No ano que vem teremos duas vagas. Na história da República, o Senado rejeitou uma única indicação, na época do (presidente) Floriano Peixoto. Desde então, o Senado se tornou um mero carimbador das indicações presidenciais”, afirmou Moro. “O senhor não respondeu”, disse Martins. “O senhor não precisa se eleger para dizer o que pensa sobre as ações do ministro Alexandre de Moraes”. Moro perguntou para o adversário o que o levava a persegui-lo. “Paulo, por que persegues? Nosso adversário é o Lula”, afirmou o ex-juiz.

* A pesquisa IPEC divulgada na sexta-feira (16) ouviu 1.200 pessoas entre os dias 13 e 15 de setembro em 57 municípios do estado. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A sondagem foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código BR-01166/2022; e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o código PR-02436/2022.

Bem Paraná

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