Imagine uma mulher viver num período em que a própria legislação a impede de fazer suas escolhas, que eram feitas pelos seus pais ou maridos. Esse tempo existiu, impactou e ainda impacta a vida de muitas mulheres. Em pleno século XXI é possível detectar mulheres vítimas deste período autoritário.Este é o tema do trabalho realizado por duas profissionais do Instituto Maurício Gehlen, que atuam no Centro de Convivência do Idoso (CCI) que será apresentado no III Congresso Online Internacional: Saúde Mental e Direitos Humanos das Populações Vulnerabilizadas.
Engana-se quem acha que esta fase está superada. “Este trabalho partiu das experiências do nosso trabalho, em específico nos atendimentos psicossociais. Foi a partir da fala das idosas que percebemos o problema”, diz a assistente social Ranielli Coito, que assina o trabalho junto com a psicóloga Maisla Yara de Souza, ambas do corpo técnico do CCI.
A pesquisa será apresentada no próximo dia 20, no horário destinado a apresentação dos trabalhos científicos. O Congresso será realizado nos dias 19 e 20 e é uma realização do CENAT (Centro Educacional Novas Abordagens Terapêuticas), que atua em articulação com profissionais de saúde, professores, da IMHCN (International Mental Health Collaboration Network, organizações sociais, usuários e familiares.
Maisla e Ranielli explicam que o trabalho “Filhas da era Vargas: o impacto do autoritarismo em mulheres da terceira idade do século XXI” surgiu das conversas que têm com as idosas. “Muitas mulheres sofrem por não ter feito uma faculdade ou até mesmo ido à escola. Elas se sentem angustiadas e muitas relataram que tinham sonhos em ter frequentado uma escola, ou ter tido outras escolhas, e que não puderam porque alguém escolheu por elas”, relata a assistente social.
A partir desta constatação, as profissionais foram verificar como foram os anos 30 e 40, época em que estas mulheres agora na terceira idade nasceram e cresceram. “Vimos as leis vigente, o governo, como funcionava e notamos que foi uma época do autoritarismo. Na própria lei dizia que as mulheres não podiam ter suas escolhas e quem escolhia por elas era maridos ou pais. Aí fizemos uma análise com base nisso”, explica a psicóloga.
EXCLUÍDOS – De acordo com o CENAT, alguns grupos vulneráveis compartilham desafios comuns relacionados à sua posição social e econômica, apoio social e condições de vida, incluindo: enfrentamento de estigma e discriminação e exclusão de participação na sociedade. Para as profissionais do CCI os idosos fazem parte deste grupo que enfrenta estigma e exclusão.
“De forma geral, a pessoa idosa sofre com inúmeras exclusões sociais, incluindo todas as citadas e ainda, com o que chamamos de idadismo e ageismo, que é uma exclusão por conta da faixa etária, isso se dá por vários motivos – um deles diz respeito às questões capitalistas de valorização à produtividade, levando em conta que a população vê a pessoa idosa como improdutiva”, sublinha Ranielli.
Ela lembra que na pesquisa a ser apresentada no Congresso, no caso da mulher tem o agravante da discriminação de gênero, “considerando que o período histórico em que viveram foi permeada por autoritarismo e falta de liberdade para escolha da profissão. Sendo assim, todo esse contexto histórico e político dos anos 40, trouxeram impactos significativos na vida dessas mulheres, que hoje são idosas do século XXI, as quais denominamos na pesquisa de ‘Filhas da era Vargas’”.
Por sua vez, a psicóloga Maisla lembra que este estigma e esta exclusão impactam negativamente o bem-estar e a saúde mental dos idosos. “O estigma e a exclusão da pessoa geram impactos visíveis, tais como a baixa autoestima, depressão e como consequência o isolamento social, ansiedade, medo de ficar sozinho. Quando se trata de mulheres idosas, percebe-se a insegurança em tomar decisões, tendo em vista que durante toda sua vida alguém fez as escolhas por elas”, diz a profissional.
SOLUÇÃO – As profissionais relatam que o CCI vem trabalhando para enfrentar este problema através do que as profissionais chamam de “espaço de palavras”, atividades em grupos onde são trabalhados temas como consciência política, de gênero, autoestima e principalmente no que se refere a autonomia da pessoa idosa. “Sempre levamos em consideração o período histórico em que elas cresceram, mas também trabalhamos para atualizá-los para os dias atuais, mostrando que elas podem tomar as rédeas de sua vida de forma autônoma e consciente”, diz a psicóloga.
A troca de experiências ensejada pelo Congresso poderá contribuir para a adoção de novas ações no CCI com a promoção de novas práticas em saúde mental, com enfoque nos Direitos Humanos.
Trata-se de um Congresso Online sobre a teoria e a prática em saúde mental.
Na saúde mental, é importante reconhecer a vulnerabilidade individual, social e programática relacionada às pessoas com transtornos mentais e usuários de drogas, que enfrentam restrições ao exercício de seus direitos civis e políticos, e de sua possibilidade de participar na esfera pública. Deparam-se, também, com dificuldades de acesso aos serviços de saúde, e enfrentam barreiras até desproporcionais de acesso à educação e oportunidades de trabalho.
Alguns grupos da população são mais vulneráveis que outros. Outros sim, grupos vulneráveis compartilham desafios comuns relacionados à sua posição social e econômica, apoio social e condições de vida, incluindo: enfrentamento de estigma e discriminação; vivência de situações de violência e abuso; restrição ao exercício de direitos civis e políticos; exclusão de participação na sociedade; acesso reduzido aos serviços de saúde e educação; e exclusão de oportunidades de geração de rendas e trabalho. Estes fatores interagem entre si, levando à diminuição de recursos e ao aumento da marginalização e vulnerabilidade das pessoas afetadas, gerando impacto no seu bem estar e na sua saúde mental.
Você está preparado para viver tudo isso no formato Online e Ao vivo. Participe do Congresso em Saúde mental, ao vivo, online e da sua casa. Não é vídeo aula, não é gravação é um Evento online Ao vivo.
A idealização desse Congresso advém de articulações entre profissionais de saúde, professores, da IMHCN (International Mental Health Collaboration Network), do CENAT (Centro Educacional Novas Abordagens Terapêuticas), organizações sociais, usuários e familiares.
Qual trabalho o IMG/CCI vai apresentar III Congresso Online Internacional: Saúde Mental e Direitos Humanos das Populações Vulnerabilizadas?
Na apresentação do Congresso Centro Educacional Novas Abordagens Terapêuticas (Cenat) alguns grupos vulneráveis compartilham desafios comuns relacionados à sua posição social e econômica, apoio social e condições de vida, incluindo: enfrentamento de estigma e discriminação e exclusão de participação na sociedade, entre outros. Vocês consideram que os idosos enfrentam este estigma e esta exclusão? Por que?
Este estigma e a exclusão gera impacto no bem-estar e na saúde mental dos idosos? Como?
O IMG/CCI têm condições de enfrentar estes problemas? Quais são as estratégias?