Depois de amargar meses com preços baixos – em alguns períodos não cobrindo nem os custos de produção -, a pecuária de leite está vivendo um bom momento. A informação é do presidente da APLEN (Associação dos Produtores de Leite do Noroeste do Paraná), Dênis José Gimenez. Segundo ele, que também é secretário-executivo do Sindicato Rural de Paranavaí, a reação começou há dois meses.“A situação ficou tão ruim, que algumas indústrias desativaram plantas industriais e alguns tradicionais produtores mudaram de atividade”, diz Gimenez. “Foram dois anos em que o produtor teve grande dificuldade para cobrir os custos”, acrescenta.

De acordo com informações do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), instituição ligada à Universidade de São Paulo (USP), os preços em junho fecharam, na média nacional, em R$ 2,6801 o litro, com uma variação positiva de 5,33%.

No Paraná o preço esteve acima da média nacional. A média estadual de preço no mês passado foi R$ 2,7094, 4,03% a mais do que no mês anterior.

Estes valores permitem, segundo Gimenez, fazer frente aos custos de produção que cresceram muito nos últimos dois anos. Os preços da soja e do milho, ingredientes da ração para o gado de leite, aumentaram muito no período.

Os preços dos fertilizantes usados na produção de forrageiras também dispararam no mercado. E o diesel, bastante utilizado para produzir a ração, também teve seus preços majorados nos últimos meses.

“Como a silagem de milho está muito cara, muitos produtores estão optando pelo Capim Elefante BRS Capiaçu para reduzir os custos. É uma boa opção para alimentar o gado, mas não equivale a silagem de milho”, explica Gimenez.

PERSPECTIVAS – “Ficamos 24 meses com preços muito baixos. O ideal seria que a margem de lucro atual durasse também 24 meses para cobrir os prejuízos do passado”, comenta o presidente da APLEN.

Se o preço vai se manter por dois anos ou não é difícil de prever. Mas que ele se manterá pelo menos pelos próximos meses, isto é quase certo.

Denis Gimenez diz que vai prevalecer agora a lei da oferta e da procura. Como no período de maiores dificuldades produtores trocaram de atividade rural a oferta de leite reduziu e isto vai garantir a manutenção dos atuais preços mantendo o bom momento que o setor está vivendo.

A melhoria na pecuária de leite se reflete no Sindicato Rural. Segundo Gimenez, há duas semanas foi realizado um Curso de Manejo de Gado Leiteiro, através do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). E no começo do próximo mês será realizado novamente o mesmo curso. Mas o Sindicato nem chegou a abrir inscrições. Os interessados, que haviam procurado a entidade anteriormente, completaram a turma.

“O produtor de leite está se capacitando, tecnificando, em busca de inovações para aumentar a produção. E um bom manejo do rebanho pode contribuir para u aumento da produtividade, ou seja, produzir mais com a mesma quantidade de vacas”, finaliza Gimenez.

Ele lembra que, mesmo com a turma completa, os interessados podem fazer suas inscrições para novos cursos – de manejo de gado leiteiro ou qualquer outro oferecido pelo Senar -, pois assim que formar um novo grupo, é agendado uma nova edição do curso.