“Irrigação é um seguro para manter a produtividade alta”

Publicado em 22 de janeiro de 2020

Estiagem vai provocar perdas superiores a R$ 300
milhões na cadeia produtiva da citricultura do Paraná

PratinhaVice-presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, o citricultor e agroindustrial Gilberto Pratinha afirmou nesta quarta-feira (22) que os produtores rurais devem aderir à irrigação, pois trata-se de um sistema eficiente para, em alguns casos, pode aumentar a produtividade, e, em outros, garantir a já alta produtividade. “A gente tem que ver a irrigação, no caso da citricultura, que é uma cultura perene, como um sistema para manter a produtividade. A grande sacada do citricultor hoje é produzir acima de 1.200 caixas por hectare por ano. Com irrigação, você consegue fazer isso facilmente; sem irrigação, você depende muito do clima”, ensina ele.

Para Pratinha, “a irrigação é para manter essa produtividade num patamar alto e ter garantia. É um seguro para manter a produtividade alta. Isso vale pra soja, para o milho, para todas as culturas”.

A longa estiagem do ano passado fez com que na safra de 2019, a citricultura paranaense, que está concentrada na região noroeste do Estado, tivesse uma quebra de 20%. “Neste ano, em função da seca, estamos perdendo 40% da produção”, disse Pratinha.

Os 20% perdidos na safra anterior significam que quatro milhões de caixas de laranja deixaram de ser produzidas. E a projeção para 2020 é perder o dobro. “Nos dois anos (2019 e 2020), o Paraná vai perder 12 milhões de caixas de laranja. Considerando o preço médio de R$ 22,00 a caixa, já dá pra ver o tamanho do prejuízo”, calcula Pratinha. Mas segundo ele, os prejuízos vão além dos R$ 264 milhões que seriam o resultado da laranja que deixará de ser comercializada. Isto porque neste cálculo não estão considerados “os prejuízos na indústria, no comércio, na geração de empregos etc, etc, etc. Isso vai ultrapassar em muito os R$ 300 milhões. Isto só na citricultura”, reforça ele.

“Então o governo tem que despertar para esta realidade e fazer a parte dele e os produtores também ou vamos ficar sempre vulnerável nesta questão. O clima tem mudado e com as mudanças climáticas não tem como estabilizar a produção”, enfatiza.

ASSOCIAÇÃO DE IRRIGANTES – Foi Gilberto Pratinha que, no começo de 2019, estimulou o Sindicato Rural a reivindicar junto ao Governo do Paraná um Programa Estadual de Irrigação. Ele já conhecia o sistema produtivo de Paranapanema (SP), baseado na irrigação, e sabia dos altos índices de produtividade. O pleito foi atendido e no último mês de setembro, em Paranavaí, o Irriga Paraná foi lançado oficialmente pelo governador Ratinho Júnior e o secretário Norberto Ortigara (Agricultura).

Nesta sexta-feira, dia 24, será criada oficialmente a Associação dos Irrigantes do Noroeste do Paraná em reunião a ser realizada às 15 horas na sede do Sindicato. O encontro vai reunir produtores e técnicos agrícolas e é aberto a todos os interessados. A estratégia de organizar os irrigantes numa associação é a mesma de Paranapanema, onde os produtores estão organizados numa cooperativa.

O agroindustrial conta que 15% dos pomares do grupo, que é proprietário da Prats (suco integral), Viveiro Pratinha e Citri (suco concentrado), já estão irrigados. “A irrigação não aumentou a produtividade. Quando chove bem, a produção é a mesma de uma área não irrigada. Exemplo: em 2017 e 2018 produzi 1.210 caixas por hectare sem irrigação. Se eu tivesse irrigação em 2019, eu ia produzir, com certeza absoluta em 2020, acima de 1.200 caixas”, compara. Mas a estiagem do ano passado está quebrando a safra.

Pratinha diz que “na pecuária, por exemplo, se o produtor for irrigar, ele já tem 1.500 milímetros de chuva aqui na região; para fazer uma pastagem produtividade o ano inteiro e ter uma lotação de 10, 15, 20 cabeças por alqueire, precisa ter chuva acima de 2.200 milímetros. Então o irrigante de pastagem vai querer fazer o quê? Vai contar com os 1.500 milímetros e colocar mais 500, 700 ou mais mil milímetros de média para poder alcançar a produtividade alta”, finaliza.

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