Palhaçada é coisa séria

Publicado em 22 de outubro de 2021

por Renato Benvindo Frata
Desde 2019 vivemos em burburinho. Os que perderam a eleição não se conformam e tudo fazem para desfazer feitos, falas, vontades dos ganhadores; enquanto esses tripudiam aqueles em seu tempo quando governo, e nenhum tem razão. O ontem deve servir de experiência, mas nunca ser ruminado, pois nada irá mudá-lo e o senhor presidente deveria saber disso, mudando seu cantar.
Nessas intrigas – contra e a favor, há exageros alimentados com fúria de fogo sobre palha seca a se expandir, e será um desastre se a explosão vier acontecer.

A pandemia Covid é forte, cara e mortífera, e deveria agregar forças ao bem comum, objetivo primeiro da política-ciência, mas se transformou em armas de maledicentes e malfeitores. Uns negacionistas, outros predadores, que não se preocupam em solução que amenize sofrimentos e perdas. Mas em ataques. 

O Brasil é um país rico em recursos e pobre em representantes sérios. Sua produção – das maiores do mundo – não consegue reduzir a diferença social porque é mal aplicada, o que leva a afirmar que para o dinheiro há mais ralos que máquinas para o produzir. Os três poderes estão inchados de incompetência e vaidade, e gastam muito em supérfluos para se aplicar pouco em educação, pesquisa e elevação social, mantendo-nos de mãos atadas em meio a bandoleiros a se digladiarem, cada qual com sua arma, subterfúgio e estreiteza de caráter, em que a vergonha como sentimento penoso, derivado de ato vexatório, é tão pequena que mal enche uma lata do caviar que consomem diariamente. 

A moral e os bons costumes se encontram abandonados sob a batuta da mídia inescrupulosa, o que levanta a pergunta: até onde iremos? Ninguém sabe. Viramos vespeiro sob pedradas a assistirmos bandalheiras, e por falar nisso, essa CPI do Senado Federal, constituída para apurar irregularidades no trato da Pandemia se transformou, no dizer de jornalistas, em verdadeiro circo, cujo espetáculo foi dirigido por três palhaços. “– Que tristeza!” – dirão muitos, ao ver que o Senado, instituição que deveria ser a referência na grandeza para a qual foi criada, transformada em picadeiro… 

Ledo engano. A comparação está errada. Muito errada. 

O circo e seu picadeiro são sérios e não merecem essa comparação. Não merecem nossos congressistas serem comparados à seriedade daqueles, está a se cometer o maior dos pecados. Os palhaços verdadeiros dão duro para, ao final do espetáculo, ter algo em sua mesa de alimentação; são trabalhadores que envergam trajes graciosos sim, que vendem alegria à plateia e dependem da especialidade das piadas para continuarem no picadeiro. 

O circo, sim, é uma empresa que leva a sério o que faz, com ou sem recursos financeiros, bem ou mal estruturado, não importa. Mantém-se pelo suor de seu grupo; ao contrário disso, o Congresso… que está muito a desejar, a exemplo dos outros dois poderes de péssima reputação. 

Podem ser comparados a tudo, menos ao circo e seus palhaços, porque ali não há tempo nem espaço para “manobras e conchavos, barganhas ou troca-trocas”. Lidam diretamente com o público que lhes dá de comer pela venda de ingressos, bem diferentes dos nossos representantes que chova ou faça sol, têm a cada mês em sua conta bancária a linda e imodesta remuneração a que não fazem jus.

Melhor procurar outros adjetivos, a palhaçada é coisa séria. Não essa balbúrdia que se vê diariamente.

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