Novo chanceler fala em ‘diplomacia da saúde’ e ‘urgência climática’

Publicado em 06 de abril de 2021

Carlos Alberto Franco França, que substitui Ernesto Araújo, tomou posse nesta terça (6), junto com outros novos ministros. Política externa brasileira dará atenção à urgência climática

O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, afirmou nesta terça-feira (6) que o serviço diplomático do Brasil no exterior trabalhará por uma “verdadeira diplomacia da saúde” com vistas a conseguir vacinas e medicamentos necessários para o enfrentamento da pandemia de Covid-19 no país.

Ele também declarou que pretende engajar o país em esforços de cooperação internacional “sem preferências desta ou daquela natureza”.
França deu as declarações em seu discurso de posse, divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores. O embaixador, que substituiu no cargo Ernesto Araújo, participou de cerimônia no Palácio do Planalto, sem cobertura da imprensa. Na mesma cerimônia, outros novos ministros também tomaram posse (leia mais abaixo).

Ex-chefe do cerimonial da Presidência, França era assessor-chefe de Bolsonaro quando o presidente decidiu, na semana passada, demitir Araújo, diante da pressão de aliados do governo no Congresso.

A política externa de Araújo, marcada por alinhamento ao ex-presidente dos EUA Donald Trump e por crises com países como China, foi alvo de críticas por prejudicar a chegada ao Brasil de insumos e vacinas contra Covid-19.

Desenvolvimento sustentável

No discurso, França afirma que o momento é de urgências na saúde, na economia e no desenvolvimento sustentável e que recebeu de Bolsonaro a missão de enfrentá-las, sendo que a “primeira urgência é o combate à pandemia da Covid-19”.

“As Missões diplomáticas e Consulados do Brasil no exterior estarão cada vez mais engajados numa verdadeira diplomacia da saúde. Em diferentes partes do mundo, serão crescentes os contatos com governos e laboratórios, para mapear as vacinas disponíveis”, declarou.
França também disse que o Itamaraty aumentará as consultas a governos e farmacêuticas, “na busca de remédios necessários ao tratamento dos pacientes em estado mais grave”.

França assegurou que a diplomacia está mobilizada para atender demandas das autoridades de saúde e afirmou que pretende dialogar também com outras esferas do governo e com o Congresso Nacional.

“Meu compromisso, enfim, é engajar o Brasil em intenso esforço de cooperação internacional, sem exclusões. E abrir novos caminhos de atuação diplomática, sem preferências desta ou daquela natureza”, declarou.
O ministro citou que, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil defende a “necessidade de um consenso amplo que garanta acesso a vacinas, com mais produção e melhor distribuição”.

Economia e clima

França afirma no discurso que Bolsonaro “ensina” que os brasileiros querem vacinas e emprego, apesar de o presidente ter dado, ao longo do ano, declarações que questionavam a eficácia dos imunizantes.

O ministro defendeu a “modernização da economia” e citou a necessidade de melhor integração às cadeias globais e de abertura comercial.

França também citou a “urgência climática”, tema que voltou à agenda do governo Bolsonaro após a saída de Trump e chegada de Joe Biden à presidência dos EUA. Ernesto Araújo era criticado por declarações que questionavam as mudanças climáticas.

“Por fim, temos a urgência climática. É urgência em outra escala de tempo – mas é urgência. Aqui, como em outras áreas, vemos diante de nós a oportunidade de manter o Brasil na vanguarda do desenvolvimento sustentável e limpo”, disse.
O chanceler declarou que é preciso mostrar que o Brasil tem uma matriz energética “predominantemente renovável” e que a produção agropecuária “tem a marca da sustentabilidade”.

A política ambiental de Bolsonaro é criticada desde o início do mandando, em especial pelos índices de desmatamento e queimadas na região amazônica. França declarou que não se trata de negar os desafios.

“Não se trata de negar os desafios, que obviamente persistem. O fato é que o Brasil, em matéria de desenvolvimento sustentável, está na coluna das soluções”, afirmou.

Organismos multilaterais

França, que sucede um chanceler crítico a órgãos como as Nações Unidas, afirmou que o Brasil sempre foi “relevante” no diálogo entre países, o que, no entanto, isso não significa que o país precise aderir a “toda e qualquer tentativa de consenso que venha a emergir, nas Nações Unidas ou em outras instâncias”.

“Não precisa ser assim e não pode ser assim. O que nos orienta, antes de tudo, são nossos valores e interesses. Em nome desses valores e interesses, continuaremos a apostar no diálogo como método diplomático. Método que abre possibilidades de arranjos e convergências que sempre soubemos explorar em nosso favor. O consenso multilateral bem trabalhado também é expressão da soberania nacional”, disse.

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