por Renato Benvindo Frata
Nas minhas andanças tive um amigo de apelido “Boca de Esgoto” que ao abri-la afugentava quem estivesse perto. Se o vento lhe era contrário, até ele fazia careta com o fedor e se arrepiava porque seu mau hálito era mesmo de amargar. Cabe dizer que ele nunca foi rejeitado por sofrer desse problema, e que o “bulling”, prática social nefasta que deixa hoje as crianças abestadas e os pais mortificados, se existia não o conhecíamos, nem o “Boca” que não ligava quando o chamávamos de “Boca de Esgoto”. Aliás, a minha geração não conhecia tempo ruim. O alto e magro era o “Vareta”, o com pintas era o “Pintado”, o manco era o “Deixa-que-eu-chuto, o vesgo era o “Desconfiado” e assim por diante, sem qualquer problema.
Os pais dele procuraram médicos, ministraram-lhe remédios, fizeram simpatia, passaram por benzedeiras e o problema, ao que sei, nunca foi resolvido.
A halitose, sabe-se, possui aproximadamente 60 causas distintas que podem ser de origem fisiológica, ou devido à má higiene, placas bacterianas ou amídalas, baixa produção de saliva, doenças gengivais, adenoides, rinites, sinusites, estresse, ou sistêmicas como diabetes, rins, fígado, prisão de ventre, etc., além, é claro o uso excessivo de medicações, tabagismo, drogas, alcoolemia, ou até produtos de bochechos fabricados com álcool.
Nunca ficamos sabendo realmente qual era a razão do seu mau hálito e também não foi com esse propósito que me pus a escrever esta crônica, e sim para comentar sobre o que vemos e ouvimos sair da boca do nosso Presidente. Infelizmente.
Convenhamos, o que tem saído dali não tem sido fácil ouvir ou cheirar sem sentir asco. Ou raiva. Ou decepção. Ou preocupação. E isso não é bom.
Desculpem-me os conformados, mas considerando a honorabilidade e grandeza do cargo de Presidência da República, do espírito de brasilidade que tanto apregoa e do respeito devido aos seus concidadãos independentemente da cor partidária que possam ter, já passou da hora de sua Excelência cuidar do hálito. E das palavras. E das reações nervosas. E das ações inapropriadas que está a espalhar como confetes no carnaval pelas redes sociais e quando pega um bendito microfone.
Aqui abro um parêntesis para dizer: o problema do “Boca” devia se derivar de qualquer das causas da halitose não tratada convenientemente ou por falta de conhecimento ou pela precariedade da saúde financeira de sua família, o que não é o caso do Presidente que é rico e tem todo aparato médico do Brasil ao seu dispor e da medicina internacional, se precisar. Você e eu pagamos por essa benesse.
Mas aí e pensando bem, ouso dizer e me desculpem se exagero nessa quase elucubração, que o motivo da horrível “halitose diferenciada” que afeta o presidente e a nós – que pode até não feder tanto como a do “Boca”, mas que produz efeito maior pelo dano emocional que causa, deve ser derivada de outro transtorno, talvez de um ligado à área que cuida do comportamento humano.
Como não entendo de medicina, não apontarei o dedo: essa diagnose incipiente tanto pode ser como pode não ser… mas de uma coisa tenho certeza: já passou da hora de procurar ajuda e de mostrar para que veio.
Taokay? …