Droga é maior preocupação, pois provoca
outros crimes, diz comandante do 8º BPM
Diariamente a polícia registra vários tipos de ocorrências, das mais leves como discussão eventualmente chegando a vias de fato, porte de arma, furto, passando pelas de maior poder ofensivo, como arrombamento, assalto, agressão, tentativa de homicídio até aquelas de grande porte: sequestro, homicídio, latrocínio, tráfico de armas e drogas e por aí afora.Com experiência de 29 anos na Polícia Militar, o comandante do 8º Batalhão, com sede em Paranavaí e jurisdição sobre 22 municípios, o tenente-coronel paranavaiense Jefferson Luiz dos Santos, diz que neste rosário de crimes os que mais o preocupam são os relacionados às drogas. E explica: “a droga é causa ou efeito dos demais crimes. Ela estimula e provoca outros crimes”. Com efeito, há quem age criminosamente sob efeito de drogas, os que roubam a matam para conseguir comprar a droga e os traficantes que fazem o que for necessário (matam, roubam, corrompem etc) para abastecer os mercados do mundo inteiro.
O comentário do oficial foi feito durante visita do presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas (Comud), Dante Ramos Júnior. No Paraná este mês é dedicado à conscientização dos efeitos decorrentes do uso de drogas lícitas e ilícitas, no chamado movimento Junho Paraná Sem Drogas. Esta mobilização buscar trocar informações para definir políticas públicas, sob a ótica da prevenção, para evitar o uso de drogas. A visita foi para informar que, por conta da pandemia, as ações este mês estão sendo realizadas pela internet.
Na avaliação do tenente-coronel Jefferson, 80% das ocorrências policiais estão de alguma forma ligadas as drogas. “Eu concordo com o delegado (Luiz Carlos) Mânica (chefe da 8ª Subdivisão Policial de Paranavaí) que afirma que 80% dos casos atendidos pela polícia tem alguma relação com as drogas São elas que provocam a violência doméstica, perturbação do sossego, homicídio, furtos para sustentar o vício e o tráfico”, diz ele.
Souza lamenta que tem aumentado o número de usuários de drogas. “Está aumentando sim. E estão começando a usar drogas cada vez mais cedo, com menos idade”. Ele diz que nas noites de sábado e domingo e nas tardes de domingo aumentam consideravelmente as ocorrências relacionados as drogas lícitas e ilícitas.
O coronel Jefferson diz que aparentemente muitas famílias perderam o controle sobre os filhos e, às vezes tentam transferir esta responsabilidade para a Polícia. “Às vezes ligam aqui e pedem para a Polícia ‘dar um susto’ ou ‘um sustinho’ no filho. Eu até brinco: ‘nós não somos fantasmas’. Mas a verdade é que as famílias precisam conversar mais, controlar sem invadir Quando era jovem e saía a noite as festas, meus pais passavam em frente para ver se eu estava lá mesmo”, lembra ele, para reforçar que em cada época tem suas formas de controle.
Hoje, lamenta Jefferson, há ocorrências cada vez mais frequentes que envolve o que deveria ser a trincheira de resistência às drogas: a família. “Sempre ocorre” de ser conduzido à Delegacia de Polícia marido e mulher, pai e filho envolvidos com uso de drogas, especialmente as bebidas alcoólicas.
AÇÃO DA PM – O comandante diz que a PM tem pelo menos dois programas voltados para a conscientização e prevenção para crianças e adolescentes: o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD) e a Patrulha Escolar Comunitária (PEC). O PROERD faz parte das políticas públicas estaduais sobre drogas e trabalha na perspectiva da prevenção primária em segurança pública no “espaço privilegiados das escolas”. Segundo o oficial “não dá para mensurar quantas crianças deixaram de seguir os caminhos das drogas por ter passado pelo PROERD”, diz ele.
O comandante diz que, de sua parte, é implacável com os casos envolvendo drogas. “Se eu pudesse ensacar a fumaça da droga para trazer o usuário aqui e fazer um Tecipe (Termo Circunstanciado de Infração Penal) eu faria. Aí a pessoa vai ter que se apresentar no fórum, vai ter dor de cabeça. Talvez desse jeito vai aprendendo”, comenta.
Quando se fala em repressão, o coronel Jefferson admite que não é fácil identificar, localizar e prender traficantes e drogas. “Mas sempre estamos apreendendo. A Polícia Rodoviária Federal também tem feito várias apreensões de drogas na nossa região”, aponta ele.
O oficial conta que o principal crime neste setor em Paranavaí é o chamado micro tráfico, que envolve pessoas com 20 a 30 pedras de crack ou com pequena quantia de maconha, para comercializar. Um viciado em crack consome de quatro a cinco pedras por dia, em média.
Contrário à legalização das drogas por entender que não vai resolver o problema e favorável ao tratamento compulsório em alguns casos, Jefferson diz que hoje a PM tem procurado estar mais próximo da comunidade e tenta ajudar no que é possível nos trabalhos de prevenção. “Polícia Comunitária não é mais um programa, agora é um conceito da polícia. Já na formação, o soldado aprende que a abordagem é diferente do que era anos atrás, quando tínhamos uma polícia mais reativa. Hoje ela é mais proativa”, diz ele, garantindo que a corporação vai continuar atuando preventivamente e ostensivamente para combater o tráfico e uso de drogas e conscientizando de que as chamadas drogas lícitas, como a bebida alcoólica, têm um alto poder de destruição da pessoa e de sua família. “É um efeito devastador”, sentencia ele.