A possibilidade de uma intervenção militar no Brasil, que há meses vinha sendo comentada, com a percepção de um evento bem distante, ganha novos “contornos” nos últimos dias. Rumores elevam o tom e aos poucos se espalha e contagia.De certa maneira, o “clima” teve início com uma mensagem do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que expressou preocupação com o relacionamento entre as instituições e disse que poderia ter “consequências imprevisíveis”.
Seja ou não este o motivo, a verdade é que a sensação de insegurança aumenta a cada dia, e contamina integrantes do poderes.
O ministro Celso de Mello do STF, em mensagem para os colegas de toga, citou Hitler e alertou para a possibilidade de uma intervenção militar iminente.
Em mensagem conjunta, as associações de juízes e procuradores, AMB, Conamp, Anamatra, Ajufe, ANMPM e ANPR, ANPT, AMPDFT expressam preocupação com a situação do País e aponta que “em virtude de episódios ocorridos nas últimas semanas que em nada contribuem para a gestão das atuais crises sanitária e econômica, bem como consubstanciam flagrante risco institucional”. Que, “o momento histórico notoriamente recomenda cautela e ponderação de todas e todos que exercem parte do poder estatal, exatamente para que a democracia, construída a partir dos esforços de gerações, possa ser resguardada e aprimorada” – que- “ato que atente contra o livre exercício dos Poderes e do Ministério Público, em qualquer das esferas federativas, se não evitado, será objeto, portanto, de imediata e efetiva reação institucional” – e que – “Atentos às superiores aspirações da Sociedade, os membros da Magistratura e do Ministério Público brasileiro, bem como as entidades que os congregam, subscritoras desta Nota, estão aptos e dispostos a participar decisivamente da formação e do fortalecimento dos elos indispensáveis à sustentação do Estado Democrático de Direito, que, como dito, pressupõe harmonia e independência dos Poderes e do Ministério Público, assim como a profícua interlocução das autoridades públicas, todas legitimamente constituídas.”
Enquanto isso, manifestações e protesto defendem intervenção militar e fechamento do Congresso e do STF.
Em entrevista, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, descartou qualquer possibilidade de golpe militar.