Ao Saul Bogoni, confrade, amigo, irmão
Os verbos GANHAR e PERDER são antagônicos. O Ganhar é do tipo regular, com a transitividade direta ou indireta, podendo ser intransitivo ao gosto da necessidade de sua conjugação, enquanto o verbo Perder é do tipo irregular, com transitividade direta podendo ser intransitivo e pronominal. O que que isso interfere nesta crônica em homenagem ao Saul? Nada, ou tudo.
Depende do leitor, pois com Saul todos ganhamos. Ganhamos com a sua presença, suas palavras compassadas, seus gestos distintos, sua pose de homem que sabia ouvir para depois falar. Ganhamos com o pai de família que deu aos filhos o melhor que possuía; com o marido que deu à esposa a segurança; com o amigo conselheiro a agilidade no apagar de “incêndios” políticos; com o colega – especialmente do futebol – o prezar da canela numa disputa de bola, que a própria bola. Foi homem da paz no sentido lato da palavra.
Ganhamos com as profissões que abraçou: a de jornalista que por anos a fio, de domingo a domingo, debruçou-se a fazer sua coluna diária no Diário do Noroeste, sendo o esteio da página dois desse belo, interessante e necessário jornal; na de historiador a garimpar fatos importantes na construção do Estado de Paraná, especialmente de Paranavaí e a de professor da Língua Portuguesa, tendo deixado grande legado aos seus alunos.
De permeio, ganhamos com o seu exercício de funções no Núcleo Regional de Educação e na Prefeitura do Município de Paranavaí, admitam-se, todos bem desempenhados pois não há um só registro de que tenha se deixado levar por encantamentos outros que não o da sua integridade moral e social.
Reservo um parágrafo para o Saul confrade, membro fundador da Academia de Letras e Artes de Paranavaí, titular da Cadeira 3, cujo patrono por ele escolhido é Altino Afonso Costa, outro defensor das artes de Paranavaí
Ombreou conosco essa árdua empreitada, pois dizer cultura e conhecimento literário num país que elege a ganância como prova de poder, é o mesmo que dar murro em ponta de faca. Mas, independentemente a isso, sempre esteve com seus punhos prontos a serem perfurados na defesa da cultura e do vernáculo.
Com seu jeitão simples, se fez homem. “Homem de boa estatura moral” – como diria meu pai se estivesse vivo, ao se referir a uma pessoa íntegra.
Esse é o seu bom legado que nos abraça num abraço de permanência, deixa saudade e ao mesmo tempo um sabor de gratidão, pois sua luz não depende de gerador, é própria e interminável. Fica a lacuna que será sempre sentida, mas o ganho da sua permanência, com as boas coisas que fez e hoje nos deixa como legado, não há comparação. O espírito sobrevive às intempéries, assim como o ingazeiro florido numa tarde quente de sol que acolhe o caminhante, oferece-lhe a sombra fresca e aconchegante e o convida a se refestelar.
Que Deus o tenha como o tivemos: na paz, harmonia, tranquilidade, respeito e muito afeto. …
Renato Benvindo Frata