Saída da paciente “01” da Ala Covid da Santa  Casa teve flores, aplausos, cantos e balões

Publicado em 24 de abril de 2020

“Imagina a alegria da família vendo o
milagre da vida, comemora médica”

Covid-01“Foi um momento especial. (…) É como se fosse uma luta que você ganhou uma batalha e vê que valeu todo o esforço”. O comentário é da médica infectologista da Santa Casa de Paranavaí, Gislaine Erédia Araújo, responsável pela Ala Covid do hospital, a respeito da paciente 01, que no começo da noite desta quinta-feira (23), recebeu alta depois de 17 dias de internação, 11 dos quais intubada. Ao dizer que a vitória é de muitas pessoas, a profissional incluiu a família da mulher. “Imagina a alegria dessa família quando viu ela saindo do hospital, matando a saudade do tempo que ficou longe. Além dessa saudade, vendo o milagre da vida, que ela foi e voltou”, disse Erédia.

A paciente que recebeu alta é uma mulher de 43 anos, foi internada no dia 6 deste mês. Pela gravidade da situação foi direto para UTI, intubada e permaneceu assim até sexta-feira da semana passada, quando foi extubada. Ficou mais dois dias em observação na UTI e recebeu alta para a enfermaria, onde ficou até a tarde desta quinta-feira. Ela está curada e, teoricamente, já passou da fase de contágio. Foi a primeira paciente a dar entrada na Ala Covid-19 da Santa Casa. O resultado do exame saiu três dias após a internação e confirmou tratar-se do novo coronavírus. A paciente não apresentava comorbidades e deixou o hospital em clima de alegria e emoção.

A saída foi carregada de forte emoção, pois os servidores da Santa Casa decidiram valorizar e humanizar este momento importante da vida da paciente. Combinaram com a família e todos os setores envolvidos para homenagear a paciente. Até uma voluntária participou. Devidamente paramentada para sua segurança, acompanhou no violão o grupo que cantou músicas valorizando a vida. Os profissionais portavam balões em forma de coração e cartazes artesanais, comemorando a alta. Na saída da enfermaria, a paciente recebeu flores e na saída do hospital outro buquê, agora da família. Não houve ensaio, mas tudo saiu como previsto.

ANGÚSTIA – Ao comentar a alta da paciente, Gislaine Erédia revelou um pouco dos bastidores da ala Covid. “Foi um momento assim muito especial. E este momento faz com que as pessoas tenham força de ajudar todos aqueles que estão lá dentro, esperando sair também, esperando ganhar aplauso e a gente fica assim nesta angústia de entregar o paciente vivo para a família dele. Então todos ali ficam sempre almejando o futuro, sabendo que vai devolver o paciente para sua família, vai devolver o paciente de volta para a vida dele. Esta é a nossa esperança, a nossa expectativa”, disse ela.

Ela creditou a vitória da alta a uma equipe multidisciplinar: “São fisioterapeutas cuidando da parte respiratória em SARS (sigla em inglês de  síndrome respiratória aguda grave); é a terapia intensiva cuidando com médico, como o Dr. Bruno (Leal, chefe da UTI), que ficou com a paciente o tempo todo; é o pessoal da enfermagem que ficou nos cuidados, dando banho, alimentando a paciente, fazendo todas as medicações que precisava; o pessoal da limpeza do hospital, da higienização, deixando o ambiente limpo, agradável; o pessoal da copa preparando o alimento da paciente; o pessoal da recepção, que recebeu a paciente; o pessoal da psicologia que falou com as famílias; enfim é uma equipe multidisciplinar muito bonita, onde todos se engajaram no bem comum”.

Acrescentou: “E a família, que depois de todos estes dias que a paciente ficou internada, 18 dias, ficou sem ver esta paciente. Por que? Porque não podia ter visitas, porque é um quadro infeccioso podia passar para família e não podia ter circulação de pessoas, então a família viu ela internando, sabia tudo sobre ela, mas só através dos boletins que os médicos passavam, que ela estava usando ventilador mecânico, respirando por aparelho, que ela estava grave, depois que ela foi melhorando, depois que ela foi extubada, depois que estava estável e durante todo esse período a família ficou sem nenhum contato físico. Então, imagina a alegria dessa família quando viu ela saindo do hospital, matando a saudade do tempo que ficou longe, além dessa saudade, vendo o milagre da vida, que ela foi e voltou”.

 

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