Visitas serão suspensas a partir desta quarta; atendimentos
ambulatoriais e cirurgias eletivas serão na segunda-feira
Escolhida pela Secretaria de Estado de Saúde (SESA) para ser o hospital de referência para atendimento aos casos de coronavírus na região, a Santa Casa de Paranavaí entrou em alerta e desde segunda-feira seu corpo clínico e demais profissionais de saúde estão mobilizados para acolhimento e tratamento dos portadores do Covid-19. Na segunda-feira já foi definido o fluxograma dos pacientes suspeitos e outras medidas foram anunciadas nesta terça-feira.
Segundo o diretor técnico da Santa Casa, Jorge Pelisson, a partir desta quarta-feira estão suspensas, por tempo indeterminado, todas as visitas hospitalares e serão permitidos acompanhantes somente para as situações previstas em lei ou por recomendação médica. Além disso, pessoas que apresentam sintomas gripais, doentes e acima de 55 anos serão orientados a não manter contato com pacientes e evitar de serem acompanhantes. As visitas de voluntários e religiosas também serão suspensas. As cirurgias eletivas e os atendimentos ambulatoriais serão suspensos a partir de segunda-feira, dia 23.
Na manhã desta terça-feira, Pelisson se reuniu com o cardiologista Antônio Carlos Aoki, o cirurgião Pablo Gonçalves e o gerente financeiro do hospital, Marcelo Cripa para definir outros procedimentos. “O Estado quer que deixemos um setor do hospital reservado para atender os casos de coronavírus. Nosso maior problema serão os leitos de UTI, já que temos apenas 10 e precisaríamos de 48, isto sem coronavírus. Estamos negociando com o Governo para ver a possibilidade de colocarmos mais 10. O problema é que haverá dificuldades até para fazer a aquisição dos equipamentos da UTI”, disse o diretor.
A secretaria de Saúde de Paranavaí “está bem alerta em relação ao problema”, segundo Pelisson, e já estabeleceu o fluxograma para os pacientes de coronavírus. “A entrada ao sistema não é direto pela Santa Casa. O município definiu o protocolo para esta questão”, explica o médico. A UBS do Centro, no terminal urbano, ficou definido como a unidade de atendimento aos suspeitos de coronavírus.
No hospital também estão sendo tomadas providências para atendimento aos casos, inclusive na recepção, de forma que eventuais contaminados não entrem em contato com outros pacientes. “Eles terão uma circulação separada dos demais”, explicou Pelisson.
O coronavírus vem sendo debatido há cerca de um mês pela direção do hospital. A Santa Casa estava preparada para atender casos eventuais de pessoas que teriam contraído a doença no exterior ou que teve contato com quem veio do estrangeiro. “Continuamos preparados para atender um caso ou outro, mas agora precisamos de uma estrutura maior. A intenção é deixar 16 leitos hospitalares e 10 de UTI para os casos de coronavírus. Por isso que temos que atender alguns atendimentos eletivos e negociar com o governo a questão da UTI”, explicou o diretor. A direção Santa Casa informa que, além da estrutura está preocupada com a falta de insdumos, recursos humanos e financeiros para fazer frente a esta situação.
O cirurgião Pablo Gonçalves reforça que os pacientes só devem procurar as unidades de saúde quando houver dificuldades respiratórias. “No caso de um sintoma leve de gripe, o paciente deve ficar em casa”, enfatiza ele.
Os esforços devem ser no sentido de “conter a disseminação” do coronavírus. “Temos que estar na frente e evitar a disseminação. Se a doença chegar primeiro que a prevenção e tivermos que correr atrás não vamos ganhar esta guerra”, explica Pelisson, acrescentando que não há de se falar em exageros. “Tomara que estejamos errados e estamos sendo exagerados. Mas até que isso se comprove, temos que tomar todas as medidas preventivas”, diz.
A Santa Casa está montando todo um plano de contenção da doença e se ele evitar uma explosão de casos já será uma vitória. “Se os casos forem esporádicos, não vai faltar atendimento para ninguém. Mas se não houver a prevenção e houver muitos casos ao mesmo tempo, o sistema público e privado não tem como suportar. Então temos todos que fazer a nossa parte”, apelou Jorge Pelisson.