será tema de fórum regional em Paranavaí
Encontro vai reunir produtores das regiões de Paranavaí,
Maringá, Umuarama, Cianorte e Campo Mourão
A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), ligada à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), promoverá no dia 14 de maio, em Paranavaí, o Fórum Regional Paraná Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação. O evento será realizado no Centro de Eventos Armando Trindade Fonseca, a partir das 13 horas.
A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Emater, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) e Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná) apoiam o evento.
O Paraná já solicitou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) o reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação. O Ministério autorizou a suspensão da vacinação e em maio será realizada a última imunização do rebanho bovino paranaense contra a aftosa. Desta vez, será vacinado o gado até 24 meses. A novidade este ano é que a vacina será de apenas 2 ml, o que provocará menor lesões aos animais.
No ano que vem, o MAPA fará um relatório pormenorizado do comportamento do rebanho bovino paranaense sem a vacinação para a Organização Mundial da Saúde Animal, também conhecida pela sigla OIE, que é uma organização intergovernamental, com sede em Paris, que sucedeu, à antiga Organização Internacional das Epizootias. Será a OIE que vai declarar, em maio de 2021, se tudo ocorrer dentro do previsto, o Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação.
Após a vacinação no próximo mês, em algum momento até 30 de agosto, as fronteiras do Paraná serão fechadas para entrada de animais suscetíveis à febre aftosa, com algumas exceções, como, por exemplo, o suíno para abate, ficando vedado para cria e engorda. Apenas animais de Santa Catarina, também área livre de aftosa sem vacinação, poderá ingressar no Paraná.
A febre aftosa é uma doença viral que atinge os animais de casco fendido (bovinos, ovinos, suínos e caprinos, por exemplo). Segundo o supervisor regional das Adapar em Paranavaí, veterinário Carlos Costa Júnior, apesar do pouco dano ao animal e de ser relativamente fácil debelar o foco, a febre aftosa é emblemática e o surgimento da doença demonstra fragilidade do sistema de defesa animal. “Ao ser reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação, o Paraná estará demonstrando ao mundo que tem um sistema robusto de defesa animal. E isto terá impacto também sobre outros segmentos, como a avicultura e suinocultura. A mensagem é: se não tem aftosa não tem outras doenças também, porque o sistema de produção é seguro”, explica ele.
Assim que for dado o start no processo, haverá duas consequências práticas para o pecvuarista: o primeiro é parar a vacinação e o segundo é fazer atualização do cadastro do rebanho, com informações do tipo quantos animais nasceram, quantos morreram etc, de acordo com as orientações da Adapar. A não atualização poderá gerar autuação ao produtor.
Também vice-presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, Costa Júnior diz que o fechamento das fronteiras não deve impactar o mercado. Ele explica que, ano passado entrou no Paraná cerca de 101 mil cabeças de gado e saíram algo em torno de 42 mil. Ou seja, uma diferença de cerca de 60 mil cabeças, o que representa 0,6% do plantel bovino paranaense, estimado em 9,7 milhões de cabeças.
Continuarão liberados a transferências de embriões para a melhoria genética, embora o Paraná seja hoje um dos maiores produtos de touros para reprodução.
O supervisor regional da Adapar afasta também o perigo de desabastecimento, pois estará liberada a entrada de carne com e sem osso.
Um documento da Agência aponta que o represamento de animais destinados à cria/engorda representará pouco impacto à cadeia produtiva após as retirada da vacina contra a febre aftosa. Carlos Costa vai além: considerando que o Paraná têm cerca de 4 milhões de vacas, um aumento de apenas 1,5% no índice de natalidade já será necessário para cobrir eventual déficit.
A próxima etapa dos pecuaristas paranaenses após a OIE confirmar o Estado como área livre de febre aftosa sem vacinação, será buscar mercados alternativos. “Alguns mercados do Japão e Estados Unidos remuneram melhor a proteína animal quando a sanidade é garantida sem vacinação, pois é a demonstração de um sistema de defesa seguro”, finaliza Costa Júnior.