Cadeia da mandioca se mobiliza

Publicado em 04 de dezembro de 2018

para minimizar efeitos do excesso de oferta

AGFAs chuvas que caíram nos últimos meses com certa regularidade no nordeste brasileiro e o aumento da área de plantio entre 8% a 9% no Paraná (equivalente a 12 mil hectares) devem provocar uma oferta excessiva de mandioca no país nos próximos dois anos pelo menos. O assunto está mobilizando a cadeia produtiva, inclusive o setor de transformação, que teme que a queda de preços decorrente da supersafra prevista possa desestimular o produtor. “O que vamos fazer com os nossos clientes, que lutamos para conquistar, se os produtores pararem de plantar desestimulados pelos baixos preços?”, questionou Roland Schurt, diretor da Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca (ABAM), na última reunião da entidade.

O assunto foi discutido no mês passado em pelo menos duas reuniões do setor – da ABAM e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca e Derivados – e nos corredores da Feira Internacional da Mandioca (FIMAN), realizada em Paranavaí (PR), entre os dias 20 e 22, mesma cidade e período dos encontros formais do setor.

Representante do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (SIMP) na Câmara Setorial, Raul Barbosa aponta o AGF (Aquisição do Governo Federal) como uma “boa alternativa” para enfrentar o provável excesso da raiz no mercado. “Estamos discutindo com a Câmara o retorno da AGF, como um modo de equilibrar esse mercado de oferta e demanda”, diz ele.

Para o presidente da Câmara Setorial, Osvaldo Zanqueta, há uma “preocupação unânime” de que a cadeia produtiva tem que atuar no sentido de encontrar alternativas para o eventual excesso de oferta. Segundo ele, o setor tem que se preparar “para tentar evitar uma dificuldade muito grande, como aconteceu em 2014 e 2015. Então o primeiro passo que estamos discutindo é fazer com que o Governo antecipe os recursos do AGF”. A última intervenção nestes moldes no setor foi em 2015.

Ivo Pierin Júnior, diretor da ABAM e representante da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) na Câmara Setorial, também concorda que o AGF pode contribuir para evitar o problema decorrentes de uma superoferta da raiz. Mas defende uma revisão na normativa para permitir que a operação seja feita também para as indústrias. Atualmente a AGF é praticado apenas para produtores rurais e cooperativas agrícolas. “Iria desburocratizar muito”, avalia ele.

CONAB – Presente ao encontro da Câmara Setorial, Tomé Luiz Freire Guth, gerente de Produtos Agropecuários da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), se associa a preocupação da cadeia produtiva e também vê o AGF como um instrumento apropriado para enfrentar a questão que se avizinha. “À medida que você tem a possibilidade de excesso de oferta de produto, (…), obviamente com a possibilidade de chegar aos preços mínimos, evidentemente que o produto de intervenção que a Conab pode propor realmente é o AGF, até pela dinâmica do mercado da mandioca, que é diferente de outros produtos. Então o AGF é uma forma que se tem de enxugar este mercado e conseguir diminuir esta pressão baixista de preço que possa vir no futuro. Em cima desta realidade e desta linha é que vamos encaminhar ao Ministério da Agricultura”, disse ele em entrevista após a reunião da Câmara Setorial.

Sobre o AGF se estender à indústria, Guth explicou que atualmente a norma vincula este modelo de operação a produtores e cooperativas. Mas ressaltou que é possível provocar uma discussão mais ampla, junto com os ministérios da Agricultura e da Fazenda e com a área própria e técnica da Conab para “dar uma observada nesta norma pela especificidade do produto que é a mandioca, diferente de grãos, diferente de outros produtos. As especificidades que tem a mandioca de repente permite uma discussão dessas normas”.

A postura da Conab está estimulando e deixando o setor otimista em relação à retomada da AGF para farinha e fécula de mandioca. “Nós lutamos bastante agora no final do Governo (Michel) Temer e a questão já está bem encaminhada. Acredito que agora é só uma questão de transição do governo e vamos voltar novamente neste tema, que está bem encaminhado no Ministério da Agricultura e bem trabalhado. Acredito que nós não vamos encontrar muitas dificuldades (na liberação do AGF)”, confia Zanqueta.

 

 

 

 

 

 

 

 

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