Política e economia andam juntas, diz consultor

Publicado em 22 de novembro de 2017

Ao falar na manhã de para empresários de Paranavaí sobre o tema “Brasil 2017-2018 – Perspectiva Econômica”, o consultor Arthur Igreja, um dos mais importantes palestrantes da atualidade da América, disse que as projeções apontam para um aquecimento da economia já para 2018, “basta o nosso sócio não atrapalhar”. Por sócio entenda-se o governo, que na visão do palestrante, sempre é sócio do empresário. “Basta você abrir um CNPJ e ganha um sócio, o governo”, disse ele.
Convicto de que hoje, no Brasil, para ser empresário “a pessoa não pode ser normal”, pois “tem que ter um pouco de maluco”, porque trata-se de uma “atividade arriscada”, Igreja fez uma leitura da política e da economia dos últimos anos no país e mostrou impressionado com a capacidade do brasileiro em não aprender com os erros do passado. Deu como exemplo o ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Melo. “Quando fizeram aquela apreensão de veículos de luxo – até uma Lamborghini – na casa do Fernando Collor me falaram que era um absurdo ele estar envolvido novamente em casos de corrupção. Absurdo maior é ele estar lá (no poder) novamente”, comentou o palestrante.
A economia brasileira, na avaliação do consultor, começou a desmoronar em 2013, quando foram tomadas medidas (ou deixadas para ser tomadas depois) para garantir a reeleição da então presidente Dilma Rousseff. Em abril de 2016, com a deposição da presidente, a queda de Eduardo Cunha e mais tarde o afastamento (ainda que rápido) do senador Renan Calheiro da presidência do Senado, houve o “ponto de inflexão”, ou seja, a economia começou a reagir.
SAIR DA DEFESA – Para a Igreja, este ano a economia continuou a dar sinais positivos: a inflação baixou e é inferior ao piso da meta, houve crescimento nos últimos três trimestres, a taxa de desemprego começa a diminuir e os juros cairam, o que “desestimula as aplicações financeiras e redireciona o capital para a economia real, de produção”. Ele só lamenta que o Governo não esteja fazendo o superávit primário, o que está fácil de conseguir com alguns ajustes.
Por tudo isso, o consultor diz que “não é o momento do empresário ficar na defesa”. Ele diz que as mudanças econômicas estão acontecendo e já foram percebidas pelo mercado de capitais, a percepção está chegando agora aos empresários e em muito breve chegará ao consumidor.
Na avaliação de Arthur Igreja, a economia terá ainda um impulso maior se o governo conseguir aprovar a reforma da Previdência, que é a principal responsável pelo déficit primário. “Entre a Constituição de 1988 e o momento atual a expectativa de vida do brasileiro cresceu em 15 anos. E as famílias estão cada vez menores. Então a conta não fecha, porque tem menos gente trabalhando e mais se aposentando”, apontou.
Na palestra, Igreja citou que a crise econômica da qual o país está saindo deixou uma lição aos empresários, a de que ele “não pode ficar esperando pelo governo”. Lembrou que, primeiro houve o impeachment da presidente Dilma. Depois, aconteceu, quando houve a denúncia do empresário Joesley Batista, que incriminava o presidente Michel Temer “parecia que seria o fim do mundo”. E, por fim, vieram as denúncias contra o senador Aécio Neves. “E o que aconteceu?”, questionou.
Ele mesmo respondeu: “Nada. A economia ganhou vida própria”. Referindo-se ao atual momento político, disse que “apesar das palhaçadas, o Brasil vai crescer em 2018”, segundo sua estimativa em torno de 2,5%, porque o país, embora viva momentos difíceis na política, “está estruturalmente bem”. Se o Brasil tiver sustentabilidade e continuidade o bom momento econômico pode se estender até 2019.
POLÍTICA – Defendeu, além da reforma previdenciária, a tributária e a política (não tem muita esperança na reforma política, porque “as raposas é que estão tomando conta do galinheiro”).
Lembrando durante toda a palestra que política e economia andam juntas e que a primeira tem forte influência sobre a segunda, Igreja deixou claro a necessidade de uma renovação, principalmente no legislativo, nas eleições do ano que vem e fez até uma comparação bem humorada: Juscelino Kubitschek construiu Brasília para que a Capital Federal ficasse bem no meio do Brasil. Hoje querem cada vez menos Brasília no meio do Brasil.
Ao finalizar parafraseou num pensador que quando lhe perguntaram se ele era otimista ou pessimista respondeu: “dane-se. Eu faço as coisas acontecer”. Neste contexto, o “empresário não se pode dar ao luxo de ser otimista ou pessimista. Ele tem que fazer a coisa acontecer”.
Depois da palestra, em entrevista, Igreja sustentou que o brasileiro não está disposto a bancar um presidente da República que não tenha uma boa política econômica. “Não aguenta dois anos”, na avaliação do consultor, o presidente que não tiver um bom ministro da Fazenda. Ele acredita que não tem ambiente para alguém postular o Palácio do Planalto sem uma proposta consistente para a economia e voltou a dizer que sua preocupação maior é em relação ao Legislativo. “A França não tem apenas o (Emmanuel) Macron, mas um legislativo totalmente renovado”, destacou.

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