Em velório, Teori recebe homenagens

Publicado em 21 de janeiro de 2017

Do UOL Notícias

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato na primeira instância, disse neste sábado (21) em Porto Alegre, que o ministro Teori Zavascki “foi um herói”. Ele morreu em um acidente aéreo na última quinta-feira (19).
“Acredito que pela qualidade, relevância e importância dos serviços que ele prestava, e a situação difícil desses processos, a importância desses processos, [Zavascki] foi um verdadeiro herói. Há uma grande desolação da magistratura. Todos que o conheciam, especialmente aqui da 4ª Região, estão desolados”, declarou, ao chegar na sede do TRF4, onde o corpo do ministro está sendo velado.
Moro não quis responder às perguntas dos jornalistas.
O acesso ao plenário onde está sendo realizado o velório do ministro foi bloqueado para jornalistas e fotógrafos. O caixão está fechado e coberto por uma bandeira do Brasil. Há uma fila bem grande para acessar a sala e o esquema de segurança está rigoroso, inclusive com detecto de metais.
“Grande perda para a nação”
O atual vice-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli também esteve presente no velório do ministro Teori Zavascki.
Visivelmente emocionado, Toffoli falou à imprensa e ressaltou o que chamou de “perda para a nação”. “É uma perda para a nação brasileira, para o Poder Judiciário e para o STF. A serenidade do ministro Teori Zavascki, a simplicidade dele, a humildade dele marcarão para sempre a Justiça brasileira. Estamos ainda sofrendo muito com essa passagem.”
“Situação embaraçosa”
Para o ministro Paulo Sanseverino, do STJ (Superior Tribunal de Justiça) a escolha do novo relator da Lava Jato, no lugar do ministro Teori Zavascki, deve ser feita pelo colegiado, deixando de fora o novo magistrado que será nomeado pelo presidente Michel Temer. “Penso que [a escolha] deve ser feita antecipadamente a um ministro do próprio tribunal. Acho que não se deve deixar para o ministro que vai assumir. Se tornaria uma situação embaraçosa, já que vários políticos estão sendo investigados.”
Sanseverino lembrou também de sua relação pessoal com com Teori: “Trabalhei com ele no STJ desde 2010. Tivemos uma boa relação que mantivemos depois. Era um dos meus companheiros de viagem de Brasília a Porto Alegre, eventualmente nos finais de semana. O mais importante é que perdemos um juiz que teve capacidade de atuar com grande discrição, mas também com grande profundidade e atenção em todos os processos.”
“Lava Jato não irá parar”
O presidente do Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4), Luiz Fernando Penteado, disse, durante o velório que a morte do magistrado não deverá causar interrupção das investigações relativas à Operação Lava Jato. O TRF-4 é quem julga os recursos das decisões adotadas em Curitiba.
“A nomeação é ato do presidente da República, que deve pensar sobre o nome com alguma brevidade. Mas a ministra Carmen Lúcia [presidente do STF], observando o regimento interno, fará as diligências necessárias. As medidas urgentes não cessarão”, disse.
“As investigações [da Lava jato] correm por impulso do Ministério Público e da Polícia Federal. Certamente há juízes no país com condições de assumir as funções do ministro Teori”, completou.
Velório e segurança
O velório do ministro é realizado na sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. Teori era o relator da operação no STF. A presidente do Supremo, Cármen Lúcia, também esteve no local, mas retornou para seu hotel, para descansar. Ela acompanhou com a família ao longo de toda a madrugada os trâmites para o transporte do corpo do Rio de Janeiro para a capital gaúcha.
O presidente Michel Temer deve chegar ao velório por volta das 13h.
Do lado de fora, soldados da Brigada Militar e da Polícia do Exército fazem a segurança do local. O corpo de Zavascki será enterrado a partir das 18h, em cerimônia restrita à família, no cemitério Jardim da Paz, zona leste de Porto Alegre.
Um funcionário do Grêmio trouxe uma bandeira para ser colocada sobre o caixão. Torcedor fanático do time, Teori foi conselheiro do clube por quase 30 anos. Também compareceu ao velório a ex-cunhada do ministro Loeni Falcão. Seguindo o discurso do filho de Teori, Francisco Zavascki, ela disse que “prefere acreditar” que a queda do avião que vitimou o jurista, em Paraty (RJ) tenha sido um acidente.
Além de Temer e Cármen Lúcia, também devem participar do velório o governador do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori (PMDB), e o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB). Temer deve viajar acompanhado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. A ex-presidente Dilma Rousseff, que mora em Porto Alegre, está em viagem ao exterior e não deve comparecer. (Com Estadão Conteúdo)

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