Contra o fracking

Publicado em 04 de outubro de 2016

FrackingA população se mobilizou e lotou o plenário na noite desta segunda-feira, 3, na Câmara Municipal de Paranavaí, para acompanhar a leitura do Projeto de Lei nº 105/2016, encampado pelo vereador Antonio Alves da Silveira a pedido da Cúria Diocesana e apoiado por todos os vereadores, que proíbe a concessão de alvarás e licenças para uso do solo, tráfego de veículos, concessão de água para exploração de gases e óleos não convencionais, entre outros, pelo fracking, tecnologia altamente poluente utilizada para a extração do gás de xisto, no município de Paranavaí.
O fracking ocorre por meio de um processo de perfuração e injeção de água e produtos tóxicos no solo, que elevam a pressão e rompem as rochas, fazendo com que o gás natural seja liberado.
Além da exposição sobre o projeto, o representante da Coesus/350.org Brasil e presidente da Cáritas Paraná, ambientalista Reginaldo Urbano Argentino utilizou a palavra para falar sobre os riscos que envolvem esta técnica de fraturamento e as consequências ao ecossistema, como a contaminação dos lençóis freáticos e alimentos, vazamento de gases, mudanças climáticas, colaborando com a incidência de câncer, infertilidade e doenças neurais.
“O movimento ‘Não Fracking Brasil’ quer conscientizar a população e as autoridades para mobilização e inviabilização deste tipo de fraturamento hidráulico, não concedendo alvarás, licenças, tráfego de veículos, entre outras concessões, que legalizam a utilização do solo com a finalidade de exploração do gás de xisto no município. Umuarama e Maringá já aprovaram este projeto. Sabemos que existem outras fontes energéticas que podem substituí-la sem a destruição do meio ambiente e sérios danos a vida do ser humano”, explica.
Ainda segundo Reginaldo, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) promove leilões de áreas para a exploração do gás de xisto sem consultar a população. Só no Estado do Paraná 122 municípios já foram leiloados. Inclusive cidades próximas a Paranavaí, como Rondon, Japurá, Tapejara, Cidade Gaúcha, São Tomé, Jussara, Terra Boa, Cianorte, Cruzeiro do Oeste, Umuarama, entre outras.
Para Alves é fundamental garantir a defesa do meio ambiente e da qualidade de vida, sempre zelando pelo interesse público e bem estar da população. “Esta é uma tecnologia desnecessária e destruidora. Precisamos impedi-la para que nossas reservas naturais não sejam devastadas e investir em fontes de energias renováveis e sustentáveis que não agridam o meio ambiente. Fracking aqui, não”, disse.
O vereador também enfatizou a importância dos movimentos religiosos, sociais e autoridades na luta contra a exploração do gás de xisto através do fracking.
O projeto segue os trâmites legislativos, e após parecer da Procuradoria Jurídica, deve ser encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça para deliberação.
Estiveram presentes os padres Romildo Neves Pereira, Silvio César Pereira e Nilton Dalberto Reame.

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Um comentário sobre “Contra o fracking

  1. Todas as intervenções na Natureza, redundam em alto custo. Custos irreparáveis. No Noroeste, o desmatamento desregrado, por conta da sua colonização, para ficar num único exemplo, expôs o solo à degradação e infertilidade, os rios ao assoreamento e envenenamento de suas águas, a fauna ao desaparecimento.
    Nossos desbravadores, mal informados, não observaram o mando de se preservar – pelo menos, as matas ciliares.
    A cultura principal, o café, era plantado em linha vertical ou perpendicular em relação aos mananciais, facilitando assim a incidência da erosão e a lixiviação do solo. Antigamente, era de até 30 cms, a camada fértil do solo que hoje não atinge 10 cms, resultando dai, a necessidade sempre crescente da aplicação de fertilizantes, que, somados aos agrotóxicos são levados pelas chuva, aos rios, matando neles, a vida.
    Essa atitude da Cúria, endossada por toda a edilidade paranavaiense, é sim, motivos dos mais entusiásticos incentivos e apoiamentos.
    A Natureza é cega e surda. Boa cabrita não berra. Mas a sua vingança é tenebrosa.

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