Por Renato Benvindo Frata
Foi o que ouvi dia desses de um freguês na padaria, enquanto saboreava um cafezinho.
Tirando desse comentário espontâneo o sentido jocoso entre o sobrenome do presidente interino e o substantivo temor, chega mesmo a ser preocupante a considerar a vida pregressa de alguns dos componentes ministeriais.
É que dos 23 empossados, onze possuem registros judiciais e se encontram respondendo a processos ou sendo investigados por autoridades judiciais. Um número preocupante, pois 48% dos ministros de Temer – quase metade deles – passa pelo crivo da Justiça.
Só para ilustração, no grupo de ministros que possuem mandato, o senador Romero Jucá (Planejamento) é o que mais possui ocorrências: são cinco pendências, entre as quais um inquérito da Operação Lava-Jato. Na sequência vêm o senador Blairo Maggi (Agricultura), e o deputado federal Mendonça Filho, (Educação e Cultura), que possuem três ocorrências judiciais cada um. Também se encontram com pendências os ministros José Serra (Exterior) pela recente reabertura de processo do tempo do governo FHC, assim como Raul Jungmann (Defesa), Maurício Quintella Lessa (Trabalho), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) que respondem por improbidade administrativa e Leonardo Picciani (Esportes), José Sarney Filho (Meio Ambiente) e Ronaldo Nogueira (Trabalho) que são alvo de contestação de contas eleitorais. Tudo gente boa, até que se prove o contrário; e aí, o velho ditado “onde há fumaça há fogo” tem tudo para se confirmar.
Considerando que Temer tenha escolhido os melhores dentre os partidos que o apóiam para o seu plantel de ministros na interinidade que pode ser perene, a preocupação mais uma vez se justifica: ou ele terá escolhido mal seus parceiros não se preocupando com precedentes, ou não encontrou no rol de candidatáveis nomes que passem pela peneira dos atributos do bom caráter que se resume em honestidade, responsabilidade, caridade, trabalho, frugalidade, humildade e experiência necessários ao encargo público, o que nos remete a uma constatação pior: a má qualidade dos nossos congressistas.
E aí, mais uma vez, a frase do freguês da padaria passa ecoar nos ouvidos, bailar pela cabeça, mexer com nosso humor, descer pelo corpo a ponto de fazer dobrar nossos joelhos e nos pôr a rezar… pedindo que ele tenha exagerado nas suas ponderações, e que o ‘temor’ expressado em relação ao sobrenome tenha sido apenas ilação de alegria.
Que os anjos digam amém…
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Por Renato Benvindo Frata
Mestre Dr.Renato…parabéns pela aula…e ainda tem gente que
acha que as coisas mudaram…mudaram mesmo…passou de uma mao de gato,para um mao de rato!!! um forte abraço
Marilena Chauí: “O esgoto da política brasileira subiu à tona”.
Movimentos sociais, intelectuais, juristas e populares realizam ato em defesa da legalidade democrática e contra os retrocessos do governo interino de Michel Temer. Imprensa é cúmplice do golpe, diz José Trajano
Por Vitor Nuzzi, da RBA
“O esgoto da política brasileira subiu à tona. Temos de lavar e limpar tudo isso aí”, disse a filósofa Marilena Chaui, sobre o afastamento da presidenta Dilma Rousseff por meio de um golpe legislativo conduzido pelo que “há de pior” da política brasileira. A professora da Universidade de São Paulo (USP) participou do Grito pela Democracia, manifestação realizada durante a tarde e até o início da noite, na capital paulista, reunindo dezenas de pessoas no palco e centenas na plateia.
O evento começou às 14h15 deste sábado (21), na Casa de Portugal, bairro da Liberdade, e é organizado pelo mandato do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), compondo a onda de manifestações desencadeadas desde a posse de Michel Temer como presidente interino, em 12 de maio. O ato é marcado pela diversidade, com intervenções de representantes de diversos setores da sociedade brasileira – como movimento negro, LGBT, intelectuais, jornalistas, estudantes – e por uma sucessão de palavras de ordem, principalmente “Fora, Temer” e “Volta, Dilma”.
“Em uma canetada, o governo Temer desfaz o trabalho de 15 anos. Simplesmente anula. Mas ele não pode anular aquilo que nós somos. A democracia se caracteriza por uma forma social de criação de direitos, a instituição de novos direitos e a garantia de direitos existentes”, disse Chaui, conclamando a reação ao golpe e usando expressões como “escárnio, injúria, vergonha”.
O jornalista José Trajano admitiu ter ficado “desanimado” pela forma autoritária como a Câmara e o Senado determinaram o afastamento da presidenta Dilma Rousseff. “Eu desanimei, baixei a cabeça. Mas depois de ver a nossa gente na rua, me animei de novo. E essa vai ser a nossa vitória”, afirmou, citando nomes como os de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. “Quem está aqui agora, somos nós, principalmente as mulheres e a juventude.”
Trajano afirmou que o golpe em curso não seria possível sem a cumplicidade da imprensa tradicional no processo, destacando vários veículos, como as revistas Veja e IstoÉ, a emissora Jovem Pan e a Rede Globo e exaltando meios alternativos, “a verdadeira mídia deste país”, como Mídia Ninja, Jornalistas Livres, Tijolaço, Diário do Centro do Mundo e Escrevinhador. Ele lembrou que essa imprensa continua engajada na operação, ao lembrar que todos os veículos comerciais esconderam a manifestação ocorrida ontem à noite em Belo Horizonte.
Antes de participar da abertura do 5º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas e Ativistas Digitais na capital mineira, a presidenta afastada Dilma Rousseff foi recebida por um ato de solidariedade com a participação de mais de 30 mil pessoas, segundo estimativa da Frente Brasil Popular. “Ninguém deu nada. Somente os blogueiros e veículos alternativos.”
O jornalista pediu unidade para combater o governo interino. “Temos de sair daqui unidos e confiantes que vamos derrubar quem usurpou o poder.” E comentou a decisão anunciada de manter o Ministério da Cultura, após dias de protestos. “Não pensem eles que isso nos satisfaz. Tudo o que vier desse governo ilegítimo não terá nosso respaldo”, reagiu Trajano.
Marco do retrocesso
Primeiro a falar no evento, o integrante do coletivo Democracia Corintiana Leandro Bergamim Almeida demonstrou preocupação com a iminência de um governo repressivo ante o processo de resistência que está em curso. E lembrou a prisão de torcedores que se articularam para protestar contra o escândalo da merenda em São Paulo. Ele citou também o cinismo o ex-presidente da Câmara e um dos líderes do golpe, Eduardo Cunha, ao depor na Comissão de Ética da Casa esta semana. “Ele disse que o dinheiro (encontrado em paraísos fiscais) não é dele. É claro que não é. É nosso!”, ironizou o ativista.
A sessão na Câmara ainda presidida por Cunha, em 17 de abril, foi o marco histórico do retrocesso político e ideológico em curso no Brasil, na avaliação de Amelinha Teles, ex-militante do PCdoB, presa pela ditadura nos anos 1970 e integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. Ela disse estar vivendo o seu “segundo golpe”. “Não podemos abandonar essa luta. A única luta que se perde é a que se abandona. Vamos resistir sempre. Temer, jamais”, enfatizou Amelinha. “Estou vivendo o segundo golpe na minha vida.”
http://www.revistaforum.com.br/2016/05/22/marilena-chaui-o-esgoto-da-politica-brasileira-subiu-a-tona/
O Dr. Renato Frata não joga conversa fora.
Situação complicadíssima a nossa.
Com a Dilma estava impossível. No rumo que as coisas estão tomando, com o Temer pode não ser diferente.
Novas eleições poderiam ser a melhor alternativa?
Não se falou no Ministro da Saúde, que foi flagrado em conversas telefônicas tentando favorecer uma empresa de publicidade numa licitação em Maringá.