A verdade sobre as “pedaladas”

Publicado em 05 de outubro de 2015

De forma geral a mídia vem divulgando notícias sobre as pedaladas do governo federal, e por conta delas a possível reprovação das contas de 2014. Mas a verdade sobre o que é e como é poucos explicam, até porque é um crime fiscal eficaz, apesar de pouco criativo e de ser facilmente apurável.
Vejamos as pedaladas com simplicidade para entendermos melhor, pois a fraude não é responsabilidade apenas do governo federal, mas muitíssimo também de outros partícipes, a saber, os bancos estatais.
Precisando quitar seus pagamentos de cunho obrigatório e/ou social, um governo federal pede socorro a um banco estatal de, por exemplo, um milhão de reais. A mágica está justamente na forma com que esse milhão aparece na contabilidade:
a) o governo aciona suas lideranças no Banco Central, que por sua vez ordena ao Tesouro Nacional/Casa da Moeda para “fabricar” a quantia solicitada, que depois a envia ao fiel depositário federal, o banco estatal.
b) O banco estatal que não tem que prover lastros às espécies depositadas por seu proprietário, credita o valor nas contas como lhe foram ordenadas e fecha-se a primeira parte da ”operação” de dinheiro sem lastro.
Na devolução, o governo federal faz o retorno “online” do tal milhão. A matemática é simplória: o tal milhão já dobrou, pois foi depositado em espécie e devolvido online e fica à disposição das determinações de pagamento do Bacen.
Assim, pedaladas em verdade nada mais são que expansão da base monetária sem conexão com garantias reais (commodities), sendo o mesmo que tirar cópia de dinheiro, falsificar cédulas ou, numa brincadeira desagradável, é o mesmo que tentar cobrir conta estourada com cheque frio.
O silêncio que comprometeu o governo de Dilma Rousseff quanto às “pedaladas” é justamente a falta do “caminho contábil” do dinheiro, já que não pode arguir justificativas confessando a pura e simples mágica do aparecimento do numerário, pois nos balanços bancários todo empréstimo tem ponto de início e de fim; balanço bancário é feito qualquer outro, 1 + 1 = 2, sendo que um dos princípios da contabilidade bancária é de que não existe “saldo negativo”. Sumiu grana, alguém deixou o DNA pelo caminho.
O segredo que é mantido jogando-se fumaça nas vistas do público é que um dos pontos que desacredita de forma muito desastrosa as notas operacionais de um país, são as fraudes para formação de caixa e, já que a força motriz do mercado financeiro internacional é a boataria, hoje a expansão da base monetária ressurge tal qual já esteve entre nós, produzindo inflação. E “as notas falsas” estouram no bolso é do povão arroz-com-feijão.
por: Gabriel Esperidião Neto

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4 comentários sobre “A verdade sobre as “pedaladas”

  1. Sobre as tais “pedaladas dilmáticas”, sinceramente, havia tempos eu não lia uma síntese tão bem feita e verdadeiramente didática como esta, sem economês para confundir o cidadão comum não versado em economia ou nas coisas do universo financeiro.

    E não poderia mesmo vir de pessoa outra senão do Gabriel, que sei (mas pouca gente se lembra) iniciou carreira bancária no extinto Bamerindus de Paranavaí, e depois seguiu trabalhando em agências do banco em diversos estados da federação, sempre ocupando cargos de chefia que cumpriu com galhardia, e deles resultaram-lhe toda essa bagagem e visão das praxes do mundo financeiro, inclusive da cortina-de-fumaça contábil como essa que o governo da Madame tem tentando nos lançar sobre os olhos de todos os brasileiros, mas que o TCU já ‘estava de olho’ de há muito.

    Parabéns, Gabriel! Muito obrigado por uma aula dessa de economia financeira que havia tempos eu não “assistia”. Abs

  2. Parabéns, muito bom artigo. Estou plenamente de acordo em que o culpado da crise atual é deste partido dos traidores. Mas, como um observador atento em economia, tenho apenas uma pequena divergência quanto à causa da inflação. Os Estados Unidos despejaram trilhões de dólares no salvamento dos bancos, dinheiro sem lastro algum, e hoje estão em deflação, tão devastadora para as empresas e os trabalhadores quanto a inflação. Ao contrário dos países do primeiro mundo, o Brasil optou pelo aumento das taxas de juros sob a justificativa mentirosa de que assim conteria a inflação. Mas, ao aumentar as taxas, as despesas com pagamentos de juros obrigaram o governo a corrigir as tarifas dos preços administrados, para tapar o rombo, mas que contaminaram os preços em geral. Na realidade, o aumento foi para satisfazer a ganância desenfreada da elite internacionalista, que ameaça ir para outros recantos, uma vez que não há mais sangue disponível a sugar do povo.

  3. Quando se vê parte da população, que deveria ser a mais instruída e sensata, apaludir de pé uma esculhambação como a de hoje, comandada por um Juiz citado em investigação de corrupção, com mais três juízes do mesmo órgão sendo processados pelo mesmo, e se vê o regozijo com que a medida é saudada, se percebe que parte da população, justamente aquela que se considera instruída e educada, optou pela bandidagem pura e simples apenas para servir de instrumento ao revanchismo de maus perdedores. Quiçá seus planos malignos deem certo, pois estarei vivo para ver em dois anos o arrependimento de boa parte destes que hoje soltam fogos pela tragédia do estupro do rito judicial cometido em 19 minutos. Claro está, que uma parte sumirá no dia seguinte à consumação do Golpe Paraguaio em andamento, pois estão onde estão, à serviço. Penas pagas para escrever infâmias. Arrepender-se-ão por décadas pelo estupro da Democracia que está sendo fabricado dia a dia. Poucas vezes se viu na história deste país um movimento de ódio fabricado e adorado como foi o atual. Não foi só o vejista imundo que deixou aflorar o que de pior havia em si nestes tempos. Foi esta franja ‘culta’ que botou para fora todo o seu ranço classista, todo seu horror à pobreza, todo seu asco às conquistas alheias, todo seu medo. Lamentável, como todas as decisões tomadas no afã de cercear, o são. O Brasil pagará muito caro por estes dias de glória dos que o Brasil tem de pior.

  4. admiro meu amigo taturana,não censurar esse comentário.
    isso é uma vergonha.um pessoa dessa escrever um lixo desse.
    esse ser fala em parte da população?
    são 90% que não quer mais saber dessa máfia.
    cansou ninguém mais aguenta esses bandidos.
    imagina os coitados dos pais que largam seus filhos na mão de um […] desse.
    mas após ler esse comentário, liguei para meu amigo deputado.
    ele me prometeu mandar essa pessoa cuidar de algo que afaste ele dos alunos.
    abraço taturana.

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