Hospital público – Discurso difícil, mesmo!

Publicado em 04 de julho de 2015

O advogado Waldur Trentini, presidente do Conselho Municipal de Saúde vestiu a carapuça e rebateu as declarações feitas pelo secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto, de que o Hospital municipal “não é viável. Fala disso quem não tem conhecimento de causa, quem quer fazer discurso fácil”. A declaração foi feita ontem durante a inauguração do Pronto Socorro da Santa Casa de Paranavaí.
Waldur encaminhou mensagem ao Blog e lamentou a postura do secretário, acusando-o de afastar a população das decisões sobre a saúde. E arremata a mensagem dizendo que aceita “o debate com a Secretaria de Estado da Saúde sobre a saúde pública que a população de Paranavaí realmente deseja”.
Leia abaixo o texto do advogado, que informa tratar-se de opinião pessoal. O título é o utilizado neste post.
O Estado do Paraná, pela atitude de alguns Secretários, está cada vez mais distante da população.
Vê-se na edição de hoje (04/07/2015), do Diário do Noroeste, que o Secretário de Estado da Saúde sepultou o Hospital Regional, construído com o dinheiro do povo para atender a população da Região da Amunpar, chamado-o de “ex-Hospital Regional”.
Olhei com lupa. Novamente com lupa olhei. E não vi na “inauguração” do Pronto Socorro, nenhum representante da sociedade civil. Vi prefeitos, empreiteiro, funcionários. Vi um deputado, atuante, que poderia representar a população. Mas, como médico que é, nessa inauguração integrou a estrutura. Os representantes da Conferência de Saúde, a quem o Secretário ofendeu, ao dizer que falam do que desconhecem, não estavam presentes, porque não foram convidados para a festa de “inauguração”.
O evento “inauguração”, foi preparado de última hora – sem planejamento, portanto – e sem distribuição de convite. Convidaram só as autoridades políticas – algumas, as mais iguais!
Quem desconhece a estrutura da saúde pública de Paranavaí é o Secretário de Estado da Saúde do Paraná, que cada vez mais afasta a população das decisões da saúde pública. Ele defendia há 3 anos atrás o encaminhamento dos pacientes com câncer para Umuarama, em vez de Paranavaí, ou na cidade mais próxima, que é Maringá – tivemos que intervir para frear esse ímpeto do Secretário. Ele defende que parte de todo o dinheiro público aplicado para a saúde pública seja revertido em construções, instalações e equipamentos para uso particular e de convênio – ferindo o direito da população de ter um serviço público de qualidade.
O Estado do Paraná, com recursos do povo e não do Secretário, tem investido alto na saúde pública, e esse é um ponto positivo. Mas, tem terceirizado parte do atendimento da saúde pública, e esse é um ponto altamente negativo. Mais negativo ainda é o fato da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná ter afastado a população de Paranavaí das decisões sobre a saúde pública. Para se ter uma noção da gravidade do autoritarismo e do alijamento da população das discussões da saúde pública em Paranavaí, a Secretaria de Estado da Saúde chegou ao limite – agora em 2014 e não em 1888 quando imperava a escravidão – de proibir até que fossem gravadas as reuniões com representantes da população, quando participava o Conselho de Saúde, que se realizavam mensalmente na 14a Regional de Saúde – fato que teve que ser enfrentado pelo Conselho de Saúde para que esse autoritarismo fosse impedido de prosseguir.
O Secretário tem razão em dizer – e disse – que a Santa Casa de Paranavaí está organizada e tem planejamento, e isso é visível: ficará com o direito de atender pelo sistema particular e de convênio no hospital antigo (como o denominou o Secretário); ficará com direito de atender pelo sistema particular e de convênio no ex-hospital regional (como o chamou o Secretário), e ficará com direito de atender pelo sistema particular e de convênio também no que chamou de Hospital Noroeste (no Jardim Morumbi – anexo à Unespar-Fafipa).
Que o Secretário de Estado da Saúde e a Santa Casa de Paranavaí lutem para, com recursos públicos, construírem prédios e dotar de todas as instalações necessárias para funcionamento e destinar parte para a iniciativa particular e para convênios particulares, é até compreensível – embora o serviço público não seja para isso – mas querer alijar a população da participação das decisões da saúde pública – como tenta fazer imperar o Secretário de Estado da Saúde, desmerecendo as decisões da Conferencia de Saúde, é menosprezar a população que sente no dia-a-dia a dor doída de ter que se amargurar ao ver o atendimento pelo serviço público ser feito ainda com bisturi, com incisão e com cicatriz, e ao mesmo tempo ver ao lado, no prédio público, a cirurgia pelo sistema particular e convênio com a elegante Torre de Vídeo, sem corte, sem incisão, sem cicatriz.
É mesmo, Senhor Secretário do Estado da Saúde do Paraná. Quem defende o serviço público, com dinheiro público, e quem defende o hospital público, com dinheiro público, é mesmo só a população que “tem discurso fácil”!
O que o Secretário não disse, por não lhe interessar dizer – por certo não seria por falta de conhecimento – que a lei que autorizou a unidade de saúde, tanto na futura UPA, quanto na futura Unidade do Jardim Morumbi, em nenhum momento autorizou fatiar a construção com a iniciativa particular.
As palavras genéricas do Secretário de Estado da Saúde do Paraná, em reunião reservada de “inauguração” da construção do Pronto Socorro da Santa Casa – construção-remodelação feita com dinheiro do povo – faz-nos dizer que aceitamos o debate com a Secretaria de Estado da Saúde sobre a saúde pública que a população de Paranavaí realmente deseja.

Alda - 391x69

2 comentários sobre “Hospital público – Discurso difícil, mesmo!

  1. Mas bah guri! Taí um forte adversário político para o Pó Royal. Este tipo de discurso é um forte indicativo de intenções inconfessáveis. Bah!

  2. Valdur continuo acreditando em vc, correto? E o tempo dirá quem está com a razão. 2016 passará muito rápido.

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