“Cidadania em Paranavaí se defende também com saúde”

Publicado em 01 de julho de 2015

Atentamente pude ler o texto publicado pelo advogado Waldur Trentini em sua conta no Facebook e, entendo eu, como resposta do Prefeito Lorenzetti, a um boletim da Prefeitura de Paranavaí com data de 29-06-2015.

Nas suas conjecturas o texto do governo municipal coloca a seriedade das ponderações do Procurador de Justiça, Marco Antônio Teixeira, sem alardear os reconhecimentos que foram ali discursados. Na visão do Prefeito, do Secretário Municipal de Saúde, e também do presidente do Conselho Municipal de Saúde, existem sim, coisas para serem readequadas, organizadas.

Eu e tantos outros que dependem de tratamento via SUS estávamos na Conferência da Saúde. Ali cheguei as 20h10m da sexta, e no sábado cheguei as 6h20m da manhã, porém fui vencido por uma crise que me fez ir embora às 19h20m. Não perdi nenhuma palavra do que dissera o Procurador de Justiça, nem da dos demais.

Participei de um dos grupos de estudos, no qual me manifestei apenas uma vez, propondo que o município cobre na Justiça o rotineiro descaso no trato das responsabilidades constitucionais de governos, estadual e federal, mês a mês, aquilo que não foi pago nos prazos reconhecidamente legais, fazendo milionário aporte de recursos para as gerações futuras.

Mas objetivamente, não consegui entender a nota publicada pelo Advogado Waldur Trentini em sua total proposta. É importante que ele saiba que sua opinião é lida e respeitada, mas de onde se pode mudar a forma estrutural do SUS para atender a criação de um hospital municipal? A saúde, enquanto competência de município – segundo dissera o Procurador -, está dentro da linha proposta em conferência anterior.

Que crescimento equilibrado teremos em se deixar jogar a opinião pública de Paranavaí, para complicar o uso do direito sagrado de opinião, por palavras que insinuam trilhas de improbidade, deixando de ser opinião para ferir a honra e moral alheias?

Qual o impeditivo legal de um despachante de trânsito ser Secretário de Saúde em Paranavaí, ou de um advogado ser presidente do Conselho Municipal de Saúde? Quem solta pedradas na saúde pública em Paranavaí o faz ou por não conhecer o caos instalado na saúde pública mantida (ou desmerecida) pelo pacto federativo, ou o faz com má-fé!

Hospital municipal para ser instalado em Paranavaí tem que ter papel de parede com motivos emocionantes. De que forma conseguimos não ler e rasgar a Emenda Constitucional nº 29?

O município não nega atendimento ao direito a saúde nem para os de fora. Porém, na Conferência vi pessoas, em simplória inocência, pedirem que pontos de atendimento, feito a futura UPA que vai substituir o PAM, para apenas atenderem pessoas de Paranavaí. Daí podemos imaginar a cena de uma vítima de AVC, ou de infarto agudo do miocárdio, ou com crises renais, fraturas expostas, gestantes em apuros, dando seu CPF e CEP no balcão da UPA (dia que tal fato ocorra além da área de crises utópicas, cada Médico(a) ou Enfermeiro(a) da UPA, vai ter no bolso de seus uniformes, um “habeas corpus preventivo”, um para cada funcionário, além de colete a prova de balas).

Afirmo e provo: a saúde pública de nossa cidade é de qualidade bem melhor que a real prática de saúde pública, tanto em nível estadual, quanto ao desleixado nível federal.

Punição, parodiando Harold Bloom, autor de “Shakespeare – a Invenção do Humano”, tradutor fiel da obra hamletiana, diz que “quando buscamos o algo de podre no reino da Dinamarca, podemos começar não dirigindo no acostamento, não furando sinal, não arrumando atestados falsos para justificar faltas de nossos filhos”. E aqui em Paranavaí, buscando saber até onde vai se permitir pessoas que marcam suas consultas, procedimentos e exames médicos, e cumprem o agendamento quando “possuem tempo”, e por capricho, quase sempre os mesmos.

Em interpretação de texto “não se deve fazer por vaidade ou sob a doçura traiçoeira das emoções”, nos leciona com sabedoria o advogado José Roberto Balestra.

É como cobrar do Secretário de Saúde local por um falso surto de sífilis em nossa cidade, quando na verdade, as gestantes que nem apareciam nos seus postinhos – quase todas hoje em dia – cumprem com as sete consultas do seu pré-natal, e em consequência vão fazer seus exames de sangue e outros, e é donde aparecem diagnósticos de doenças que surpreendem a todos.

Aquilo que é criticado e cobrado, na realidade é um excelente trabalho de amparo e respeito a CIDADANIA da governança e boa gestão do dinheiro do contribuinte em nossa Paranavaí!

Gabriel Esperidião Neto, “Velho Gagá”

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10 comentários sobre ““Cidadania em Paranavaí se defende também com saúde”

  1. Nesta década do governo Lorenzetti, quantos médicos foram contratados para a secretaria municipal de saúde e, quantos engenheiros para a secretaria municipal de infraestrutura? A proporção médicos/engenheiros seria infinita, não fosse pela única contratação de um engenheiro, aquele especialista em asfalto, durante toda a gestão Lorenzetti.

    • Mano. O Gagá escreveu um puta dum artigo a respeito da saúde e o cara vem com uma conversinha de engenheiro. Se liga mano!

      • Você por acaso é algum lobista da saúde, beneficiando-se da boquinha de 30% do orçamento municipal, quando a lei exige 15%? Ou você talvez seja um dos assessores do vereador que, não satisfeito com o sangramento dos municípios, quer municipalizar a Sanepar, para Sanepvai talvez.
        Se a população tem direito a tratamento médico gratuito, por que não teria direito a projeto residencial gratuito feito por engenheiros qualificados, num país de déficit habitacional epidêmico; se tem direito a enfermeiros, por que não ter direito a técnicos pagos pelo município para orientarem sua obra.
        Se o governo federal destina quase 50% do orçamento para banqueiros e rentitistas, e o governo estadual só pensa em mimar seus financiadores de campanha, e os municípios sofrem por isso, todos deveriam sofrer juntos, caso contrário, estaria declarada a guerra de classes.

        • Mano, respeito sua opinião e reconheço com legítimas suas considerações. Só quis dizer que você fugiu do tema. Simples assim.

  2. Prezado Gabriel Esperidião Neto
    Suas palavras expressam sua ideologia, seu conhecimento, sua vivência. As minhas, penso que também isso expressam.

    Vivo a saúde e o direito a ela desde quando Paranavaí me acolheu: cheguei em janeiro de 1964 e em dezembro desse mesmo ano meu pai faleceu por doença; formei-me advogado, e comecei a advogar em 1979 e nesse mesmo ano minha mãe morreu por doença; quis Deus que eu tivesse nascido no Dia de Santo Ivo, Padroeiro dos Advogados, defensor dos pobres e necessitados, e talvez também por isso me entrego às causas nas quais acredito – me orgulho disso; talvez por isso passei a atender a quem necessita de medicamento, tratamento, exigindo que os poderes públicos cumpram suas obrigações; talvez por isso modestamente defendi e participei da luta para que o tratamento oncológico em Paranavaí fosse público, quando tantos, não queriam ou o queriam pela iniciativa particular; talvez por isso tenho acionado, em defesa da população, tanto a esfera municipal, quanto a esfera estadual, como a esfera federal; talvez por isso acredito que o paciente que não vai à consulta ao exame deva ser respeitado e não cobrado como culpado, pois muitos exames estão atrasados há 5 anos, conforme documentos oficiais; talvez por isso cobro a esfera municipal, porque a população vive é mesmo no Município e é o Município quem deve cobrar o Estado e a União, e não exigir que a população não seja atendida pelo município e não possa recorrer ao Estado e à União, porque distantes; talvez por isso, e por constar que cidades aqui próximas, como Amaporã, Guairaçá, Terra Rica, Diamante do Norte, Nova Londrina, Loanda, Querência do Norte, tenham seu hospital municipal, e Paranavaí não, é que não me curvo ao discurso fácil de que Paranavaí não possa ter um hospital público; talvez por isso tenho cobrado mutirão de consultas, exames, cirurgias; talvez por isso só me curvo a uma autoridade: Deus.

    O que me causa profunda reflexão, é constatar que o dinheiro público, da população, seja utilizado para financiar atividades também particulares, ao olhar passivo e compreensivo dos que se dizem defensores da saúde pública.

    Aprendi, com as palavras atribuídas a Charles Chaplin, que “não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas”.

    Na minha ânsia de defender a população, muitas vezes me emociono e defendo a causa de meu semelhante como se minha fosse. É meu estilo. Dele não abro mão! E muitas vezes erro, e quando erro, recuo, analiso, corrijo, procuro reparar o erro, até peço desculpas, se for o caso. Não é o caso, porém, da proposta do direito de Paranavaí ter um Hospital Público. Ela é, sim, viável.

    Quem é contra o Hospital Público? A população é a favor. A Conferência de Saúde foi a favor. As propostas apresentadas na Conferência defendem a população – a maioria. É compreensível – mas para mim não – que algumas defendam o poder público e a terceirização dos serviços da saúde – como obrigar o paciente a ir a Curitiba submeter-se a cirurgia de adenóide -o que acontece em nossa cidade- e não cobrar que essa cirurgia seja feita aqui em Paranavaí, ao argumento de que o pagamento é pouco. A quem interessa não ter um Hospital Público?

    A proposta da UPA ser só a Paranavaí e da Unidade de Saúde no Morumbi ser 100% SUS é fundamentada, defende sim o patrimônio público e não tem outra intenção e objetivo a não ser mesmo a defesa da população. Aliás, defendo também os serviços conveniados e filantrópicos, tão esgotados e sofridos, e com insistentes declarações de angústia, pela missão trabalhosa que exercem. A saúde pública precisa ser prestada pelo serviço público e não sobrecarregar voluntários e abnegados.

    Talvez pelo fato de não se ter explicado à população como foi a negociação que envolveu 28.000m2 de terreno com construção por 2.268m2 de terreno sem construção, as pessoas em geral não atentaram para o fato de que a lei municipal que tratou dessa transmissão de bens, garante a UPA municipal e não regional, e a unidade hospitalar do Jardim Morumbi como filantrópica e não comercial. Por certo foi por isso que a população aprovou as propostas da Conferência.

    O que reivindicamos e continuaremos a reivindicar, defende o interesse público, é possível e decorre de compreensão legal. O que reivindicamos e continuaremos a reivindicar consta da Lei Municipal 4.017 – ou compreensão dela decorrente. O registro da negociação consta das Matrículas 43.322 e 30.932, do CRI, 1o. Ofício de Paranavaí.

    O texto legal, desconhecido de tantos, determina: “O imóvel… a ser recebido em permuta pelo Município de Paranavaí, será destinado à implantação de uma Unidade de Pronto Atendimento Municipal”. Mu-ni-ci-pal e não Regional. E, mais: “o relevante interesse público consiste na responsabilidade da … [Entidade] em concluir as obras do hospital e mantê-lo funcionando em caráter filantrópico”. Fi-lan-tró-pi-co. E não comercial. O terreno vendido, de 28.000m2, originalmente foi doado pelo Município – isto é, pela população.

    Se defender a população, o patrimônio público, a lei justa, desagradar aos interesses instalados, não hesito e não hesitarei em continuar lutando em defesa da população, do patrimônio público, da lei justa. Cada vez que faço a defesa da população, o faço por estar convencido dessa minha missão, desse meu dever, e por lembrar dos sofrimentos pelos quais passei, e não desejar que me semelhante também sofra o que sofri. Se eu estiver errado em defender o direito à saúde pública, se eu estiver errado em não culpar a população pelas faltas às consultas e exames sempre atrasados do poder público, se eu estiver errado em defender a população, então peço desculpas.

  3. Gabriel Esperedião Neto:
    Estou aqui para dizer que também sou igual o Dr. Waldur.
    Eu também me amo porque ajudo os pobres, eu também me amo porque defendo os oprimidos, eu também me amo porque dou razão para os pacientes que não vão as consultas, eu também me amo porque vou criar o SUS Municipal e não amo meus irmãos da região, eu também me amo porque vou construir o hospital municipal e vou pagar todas as despesas dele, eu também me amo porque defendo a lei, eu também me amo porque defendo a justiça, eu também me amo porque pago minhas viagens com do meu bolso e coloco nos jornais que fui que paguei, eu também me amo porque não me formei em curso superior, eu também me amo porque apareço na imprensa, eu também me amo porque quero me amar. Se me amar tanto assim está errado eu peço desculpas, mas vou continuar me amando. E escrevo tudo isso não é para se aparecer, mas é por me amo.

  4. Parabéns Velho Gagá pela matéria.
    Concordo com você, precisamos sim lutar pelos nossos direitos, direitos a saúde, direito a moradia, direito a um governo honesto, direito a ter direitos.

  5. Prezado “Dr.” Waldur. O Senhor passará a ter credibilidade quando deixar de lado este discurso demagógico, reconhecer as boas iniciativas, começar a ter como princípio, (que é um direito de todos), que, (até que se prove o contrário), todo trabalho é bem intencionado, que não é só o Senhor que tem histórias pessoais pra contar, que existem outras formas, muito mais saudáveis, de se promover além de denigrir o trabalho alheio.
    Se o Senhor é tão bom, e tão magnânimo, como quer parecer, advogado que é, porque não move uma ação contra o poder público, provando que é possível com os mesmos recursos, solucionar todos os problemas da Saúde?
    Certamente o Ministério Público e o próprio Executivo haverá de curvar-se e entregar ao Senhor a gestão da pasta.
    Da forma como age, como o Senhor não apresenta solução, é apenas mais uma parte do problema!
    Seu comportamento não constrói. Procura destruir os méritos alheios, instiga e envenena o espírito da comunidade.
    Mude seu discurso, sua postura, e sobretudo sua inteligência, verdadeiramente, em benefício da comunidade!

    • Obrigado pela sugestão!
      Primeiro peço desculpas, pois não tenho as qualidades todas a que o senhor, Corajoso e Anônimo Poucas Falas, diz que eu tenho. Bondade, sua!

      Com certeza, tenha todos os defeitos que o senhor me debita, Corajoso e Anônimo Poucas Falas, cujo IP (ponto de informação) já é conhecido – até pela redação.

      De todos os meus defeitos e minhas falas, não tenho uma, que aprendi com honra: eu me identifico e se eu erro busco corrigir o erro.

      Já está em redação texto não para resgatar o direito da população a ter acesso à saúde pública.
      waldur.trentini@uol.com.br; oab-8151-pr; opinião-pessoal.

      • Caro doutor. Não se deixe, nem queira enganar-se em relação aos comentários feitos através de pseudônimos. São expressões legítimas, de pessoas, iguais ao senhor, com os mesmos direitos e deveres de cidadãos, que têm a prerrogativa de interagir com as questões de interesse de sua comunidade, sem a necessidade de se identificarem.
        Querer desqualificar os comentários anônimos é no mínimo falta de inteligência, uma vez que é uma prática aprovada pela população de um modo geral, adotada no mundo inteiro, inclusive, como deve ser do seu conhecimento, como advogado, como uma das mais importantes “ferramentas” no combate ao crime.
        Ao invés de tentar desqualificar, o senhor deveria fazer uso das informações veiculadas para rever conceitos.
        OBS: segundo estatística científica, para cada crítica materializada existem pelo menos outras vinte que deixaram de ser conhecidas

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