Momento de lamber as feridas

Publicado em 10 de junho de 2015

Como em toda decisão que envolva grandes quantidades de pessoas, sempre restarão sequelas. Principalmente no embate atual em que as duas alas tinham argumentos mais que sólidos para defenderem a justeza de sua causa. De um lado, a Direção Sindical da APP-Sindicato, que nunca em nenhum momento se negou, seja a conduzir o processo para aonde a base apontava, seja em negociar com o Governador, indo a limites que muitos até consideraram inaceitáveis para tentar dar fim ao impasse criado pela intransigência do governo em reconhecer os direitos dos servidores da Educação.
Do outro, os feridos e massacrados pela violência do Estado que não se furtou nem mesmo a bombardear a população civil na praça, agora renomeada pelo sangue e pelas lágrimas, Praça 29 de Abril em Curitiba.

Em sua sanha de apoderar-se do que não lhe pertencia e em sua sede de destruir a espinha dorsal do sindicalismo no Paraná, Beto Richa usou de todas as artimanhas, legais e ilegais para desestruturar a luta, seus guerreiros e a entidade que hoje representa, nas palavras do próprio Richa, a maior força política do Paraná. Numa longa Greve, os servidores da educação deixaram o Rei nu. Nunca antes na história do Paraná um governador teve sua imagem, de seus próximos e de seu governo desmontada de forma pública da forma como foi desmascarado o Governador Beto Richa.

Do bom moço de família do início do primeiro quadriênio ao Déspota sanguinário responsável por mais de trezentos feridos no ataque criminoso e covarde do dia 29 de abril. Ao mesmo tempo, sua administração se revelou o desastre que todos conhecem: ineficiente, ao ponto de ter sido decretada uma ‘intervenção branca’ do PSDB nacional, introduzindo tenebrosas figuras carimbadas de processos na elite da administração estadual, vergonha eterna para os paranaenses que já tinha deixado de ser a Quinta Comarca paulista, para agora serem servos de um partido político. Denúncias de corrupção já atingiram personagens do entorno mais próximo de Beto Richa. Uns estão encarcerados, outros perto de sê-lo, afora os inúmeros processos criminais correndo contra boa parte dos comissionados em todos os órgãos do Estado, da FUNDEPAR à proximidade da Primeira Dama, cujo ‘berço’, não a salvou da contaminação da corrupção instalada pelo PSDB no Paraná. E tudo isso lavado em praça pública pela imprensa estadual, nacional e internacional, levando o Paraná ao nível das republiquetas africanas mais atrasadas em termos de Ética Política e cuidado com o bem público. Outra mancha indelével na História do Paraná.

O encerramento da mais longa Greve de servidores da educação em mais de vinte anos; num processo de negociação eivado de traições por parte de boa parte da classe política paranaense, listados como os Deputados do Camburão, inesquecíveis pelos servidores, que deles cuidarão nas eleições de 2016 e 2018, protelado por todas as chicanas jurídicas possíveis por uma Justiça classista, nepotista e corporativa, deixou também à descoberto o tipo de representação política que o Paraná escolhe e o tipo de Justiça que por estas plagas reina, foi o mais perto possível da Justiça possível no momento.

Por fim, a inércia da sociedade paranaense frente ao massacre real e ao linchamento moral de lideranças sindicais e da própria categoria, também deixou exposto o quanto o Paraná tem de avançar na conscientização política, no sentimento de civilidade, na defesa intransigente dos Direitos; que hoje negados a uma categoria, amanhã poderão igualmente ser negados à mais frações da sociedade.

O Paraná que não saiu às ruas na defesa de seus mestres, fica devedor de si mesmo.

O momento agora é de lamber as feridas, voltar ao trabalho e lembrar, de hoje para todo o sempre, que à cada vez que as forças do obscurantismo, da violência, das práticas fascistas mesmo, se erguerem contra o Povo, encontrarão, como agora encontraram, a linha de resistência formada pelos Professores e Funcionários da Educação do Paraná, unidos em torno de seu sindicato, espinha dorsal da luta organizada, a APP-SINDICATO. Assim é que se vê a força da APP!

Professor Ricardo Drummond de Macedo

Alda - 391x69

10 comentários sobre “Momento de lamber as feridas

  1. O escritor-mor de meu século de nascimento, João Guimarães Rosa, pela fala de sua personagem Riobaldo relembrando certo conselho do amigo Zé Bebelo, nos deixou sábia lição sobre o exercício do auto-domínio:

    “… que a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante tempo governando a ideia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é. Zé Bebelo falava sempre com a máquina de acerto – inteligência só.”

    (“in” Grande Sertão: Veredas, 9ª ed., Livraria José Olympio Editora – Rio – 1974 – p. 181)

  2. Estimado Professor, eu sou apaixonado pelo Estado Democrático de Direito, que fez com que muitos de nós apanhássemos, mesmo filhos e filhas desse pedaçinho de céu noroestino donde aprendemos por “Caminhos Suaves” o be a bá da educação, com a nobreza que vossa profissão contempla.

    Mas por vezes, Nobre Educador, mesmo eu sendo vosso admirador, creio que vossa senhoria quer reescrever a obra Joanne “jo” Rowling (Murray é seu nome de casada) lançando-nos à leitura de “Harry Potter e a Pedra na Vesícula”

    Professor, a hora é de remédio amargo para o beto richa também.
    Perceba, Nobre Educador, que eu me referi ao sr. governador, em nome próprio, usando letras minúsculas, que se pensarmos bem é maior afronta que todos os impropérios que o sr. usou.

    Mesmo assim, só o fato de podermos usar a democracia para demonstrar nossos pontos de vista, de degustarmos de boa leitura, feito seu Texto, já vislumbra por que é que somos um povo abençoado!
    Obrigado, Professor Ricardo!

  3. NÃO SEI PORQUE MEU AMIGO TATURANA DEU DESTAQUE A ESSE COMENTÁRIO?

    turma de aloprados, prof.grevista, só pensa em grana.
    não tão nem ai com alunos, usam eles como escudo.
    GANHAM BEM, só entram em greve no ano letivo.
    90% dos de menores preso hoje são bandidos.
    tudo devido a professores que não ensina nada.

    esse ricardo, mora numa cidade pequena, onde o prefeito usa e abusa
    fica calado, cade a greve dele na prefeitura?????????
    só vem aqui pertuba atrás de receber mais. OOOOOOO (…)

  4. Oliveira, nem meu nome devias ter a decência de pronunciar se fosses mesmo metade do homem que dizes ser. Teus ataques a Educação e aos educadores me levam a perguntar-me o porque disso… Má formação? Evidente em teu péssimo português. Má informação? Claríssima, dada a quantidade de lugares comuns que vomitas. Mau caráter? Por óbvio, dada a quantidade de acusações que fazes mas das quais prova nenhum apresentas. Então o que resta de tí? O espaço democrático que o Taturana te dispõe, num exercício de liberdade que eu mesmo não te daria. Pois os que clamam por menos liberdade aos outros não a merecem para sí. Greve na Prefeitura? Que tenho eu com a Prefeitura? Sou funcionário do Estado do Paraná, não da Prefeitura. Seus funcionários que cuidem de sí mesmos. Quanto às tuas acusações a Brasílio Bovis, convido-te a exprimi-las mais diretamente e fazê-las onde de direito: No Ministério Público.

    • muito bonito sua resposta?
      se só lambe suas ferida, pois seu valor é seu bolso?
      quanto sua cidade, EU é que tenho que procurar promotoria ?!?!
      ai que se exploda a população, pois não tão mexendo no seu bolso ?
      o teu é garantido pelo governo BETO.
      SE ME TORRAR MUITO VOU AI TE MOSTRAR A METADE DE UM HOMEM.
      ai você vai ver como trato ptista.

      e esse espaço é garantido para mim pois só amigo do taturana a mais de 30 anos, pelego ptista.

  5. Caro Velho Gagá, espero sinceramente que o amargo do remédio que o Beto Richa está tomando seja apenas, biblicamente falando, ‘o princípio das dores’ pelas quais passará.

  6. Se tens 30 anos só com o Taturana, é melhor trazer mais gente para cumprir tua ameaça. Quanto à minha cidade, quem levantou acusações contra o Pref. Barsílio Bovis não fui eu, foste tú. Talvez uma visita do advogado dele te dê a chance de expor tuas preocupações. Poderás ser encontrado via Taturana que é tão teu amigo, segundo dizes. Quanto ao ‘meu’, quem menos o garante é este governadorzinho de meia tigela que arrumaram aí, quem me garante é o Estado do Paraná, do qual sou funcionário por concurso, e não por amizade com ninguém…

    • “…SE EXISTE DESPREZO PELOS POLÍTICOS E AMOR PELO ESTADO, QUE TIPO DE CRIATURAS OS BRASILEIROS IMAGINAM QUE GOVERNA ESSE ESTADO? SERES PERFEITOS? ANGELICAIS? EXTRATERRESTRES VINDOS DE OUTRA GALÁXIA?”

      (João Pereira Coutinho, jornalista português, no prefácio do recém-lançado livro “Pare de Acreditar no Governo – Por Que os Brasileiros Não Confiam nos Políticos e Amam o Estado” (Editora Record), de BRUNO GARSCHAGEN, um jovem capixaba, jornalista, advogado, escritor, tradutor, ‘podcaster’, professor-convidado da Faculdade de Direito de Vitória (FDV), mestre em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Oxford.)

      O livro de Bruno Garschagen é leitura indispensável para quem pretenda entender a contradição dos brasileiros em não confiar nos políticos, mas desejar que o estado seja capaz de resolver todos os problemas econômicos, estruturais e sociais do país.

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