A que ponto chegamos!

Publicado em 09 de junho de 2015

Na última semana de maio a Câmara dos Deputados começou a votar o que convencionaram chamar de reforma política, que, na prática, não vai passar de um arremedo. Nos debates, que devem continuar esta semana, os deputados protagonizaram um espetáculo deplorável.

O espetáculo aconteceu principalmente quando os debates foram em torno do financiamento de campanha e da reeleição.

Os contrários ao financiamento privado das campanhas poderiam alegar que esta fórmula desequilibra a disputa em favor daqueles que não têm o mesmo trânsito entre grandes empresários, por exemplo. E os defensores do fim da reeleição poderiam argumentar a importância da alternância do poder e de oxigenar os governos.

Contudo, os argumentos foram outros: para por fim ao financiamento privado de campanha lançaram mão do populismo e disseram que este tipo de financiamento é a raiz de todas as formas de corrupções na atividade pública.

Para decretar o fim da reeleição, os argumentos foram praticamente os mesmos.

Os argumentos fáceis e de forte apelo popular usados por alguns deputados põem fim ao empresário honesto. Nenhum empresário, tomando conhecimento de que um candidato tem boas propostas para sua cidade, estado ou país, pode contribuir para que ele seja eleito. Se o fizer é corrupto. E os parlamentares que usaram estas argumentações assinaram atestado de que se receberem doações de empresários vão abrir mão de sua ideologia, (se é que têm), e de sua honestidade, (se é que são honestos), para retribuir a doação. Pelo jeito, sempre de forma fácil.

O fim da reeleição para os cargos executivos, de outro lado, significa que um bom governante não terá a oportunidade de continuar seu trabalho.

Evidente que os deputados trataram de por fim somente à reeleição para os cargos legislativos.

Entre os lances da votação da reforma política alguns deputados se posicionaram contra algumas propostas sob a alegação de que elas inviabilizavam os partidos.

Que partidos?

Quando o PT, que está no governo, vota contra direitos dos trabalhadores e o PSDB, principal partido de oposição, vota pelo fim da reeleição que ele mesmo instituiu no País, fica difícil dizer que no Brasil existem partidos.

O que existe é o agrupamento de pessoas que por determinado momento têm o mesmo interesse. Partido com ideologia foi sepultado há muito tempo neste País.

Quem diria que a política brasileira chegaria a esse ponto? Quem diria que os políticos decretariam o fim de empresários honestos e colocariam em xeque a reputação de todos os ocupantes de cargos executivos.

Definitivamente, os políticos estão nivelando a política por baixo.

Jorge Roberto Pereira da Silva

Jornalista
Secretário de Comunicação Social do Município de Paranavaí

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