A responsabilidade de cada um

Publicado em 17 de maio de 2015

A sociedade reclama (e com razão) por mais e melhores serviços públicos. É triste observar milhões de reais, que poderiam ser utilizados na ampliação e na melhoria da qualidade dos serviços públicos, escorrendo pelos dutos da corrupção. É lamentável que agentes que deveriam estar à serviço da sociedade, se locupletam com dinheiro que deveriam irrigar os programas de educação, saúde, segurança, etc.

As necessidades e as exigências da população são cada vez maiores. Crescem as demandas e os recursos são cada vez mais escassos. A conta não fecha. É preciso que os governantes ajam cada vez com mais austeridade, além, é claro, de combater os desvios de recursos públicos.

Mas não é só isso. A solução vai além do esforço do poder público.
Certa vez viajava de carro quando me deparei com uma passarela elevada numa via movimentada com circulação em duas mãos. Um investimento necessário para evitar mortes de pedestres, dar segurança a eles.

Mas, no canteiro central entre as duas pistas, havia 330 metros, talvez 500, de um alambrado. Não bastava a passarela elevada, era preciso “obrigar” os transeuntes a utilizá-la para não colocar a vida em risco.

Quanto custou aquele alambrado? Confesso que não tenho a mínima idéia e acho até que não deve ser um valor vultoso. Mas, na mesma viagem reparei outras passarelas e outros alambrados. Como a cada passarela há a necessidade de se colocar uma barreira, logo chega-se a conclusão que é muito dinheiro investido desnecessariamente pela simples razão de o cidadão sequer zelar pela própria vida. É preciso que o poder público gaste (neste caso é gasto, não é investimento) para protegê-lo de si mesmo. São recursos que poderiam ir para escolas, creches, postos de saúde, casas populares, contratação de médicos, professores e policiais, só para citar alguns exemplos.

Os exemplos de recursos públicos gastos por falta de cidadania são muitos.
Atualmente o Brasil vive uma epidemia de dengue. Quanto os governos federal, estaduais e municipais estão gastando com a contratação de servidores, aquisição de caminhões para limpar terrenos baldios e quintais de particulares para preservar a saúde pública?

A parte mais visível deste também escandaloso “desvio” de recursos públicos (em vez de aplicar em benefício do coletivo é usado para fazer a parte que seria de cada cidadão) está nos atos de vandalismo. Em qualquer cidade do país é comum ver sinalização de trânsito danificada, lâmpadas da iluminação pública quebrada, praças avariadas, escolas com vidros e carteiras quebradas, etc., et., etc. Em Paranavaí, por exemplo, estima-se que R$ 530 mil são gastos anualmente para consertar o que vândalos destroem.

Nos grandes centros, a falta de consciência atinge o próprio cidadão.

Nas chuvas mais torrenciais, registram-se alagamentos, que invadem residências e empresas. A chuva passa e quando vão limpar os bueiros, que não conseguiram dar vazão a enxurrada, percebe-se o acúmulo de terra, (responsabilidade do poder público) e de lixo doméstico, (responsabilidade do cidadão.
Numa análise utópica, poderíamos até perguntar: será que se pais e mães se dedicassem mais aos seus filhos, passassem a eles valores éticos e morais, insistissem na conscientização das regras que devem reger o convívio em sociedade, seria necessário investir tanto em polícia e presídios?

O presente artigo não tem a intenção de tirar a responsabilidade do poder público. Mas de despertar a população de que podemos e devemos fazer mais pela vida em sociedade e que também podemos contribuir para que haja mais recursos para as políticas sociais.

Neste sentido, me associo ao pensamento do advogado Ary Bracarense Costa Júnior, que, em brilhante artigo neste Blog, manifesta sua abalizada opinião de que, em segurança, não adiante só reclamar, é preciso participar. E peço vênia para acrescentar que, assim como na segurança, devemos participar de tudo que é de interesse coletivo, discutindo, sugerindo, reclamando e, principalmente, dando exemplos.
Jorge Roberto Pereira da Silva
Jornalista
Secretário de Comunicação Social do Município de Paranavaí

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Um comentário sobre “A responsabilidade de cada um

  1. Toda iniciativa que venha somar esforços para conclamar a população a envolver-se também nas efetivas sugestões para soluções dos problemas que dela mesma originam, merece meu modesto e imparcial aplauso; a individualidade deve ser religiosamente respeitada. Porém, merece firme combate toda forma de individualismo, já que neste reside a fonte do maior mal que (ainda!) aflige a humanidade neste mundo de tantas riquezas; o egoísmo!

    Quando um cidadão ou cidadã deixa-se enganar, por ignorância ou interesse, entendendo que a responsabilidade pelo sucesso da viagem do navio está apenas nas mãos do comandante e de seus marinheiros, é na hora da água brotando do casco rachado em mar pleno que ele – o dito cidadão ou cidadã – se conscientiza de que o êxito da travessia poderia ser tão comum a todos como igualmente o serão os efeitos do naufrágio que se avizinha.

    Parabéns ao jornalista Jorge Roberto por este seu elevado artigo de conscientização popular. Abs

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