O duro recado das ruas aos políticos

Publicado em 16 de março de 2015

O Brasil viveu ontem um dia histórico. Nem de longe as manifestações realizadas país afora lembraram as realizadas em junho de 2013, quando se registraram depredações e agressões. Foram manifestações pacíficas.
O mote, na maioria das cidades, era o “Fora Dilma” ou “Fora PT”, alguns pediam o impeachment da presidente e outros defendiam a volta dos militares.
Mas o que ficou claro é que a grande maioria protestava contra a corrupção, o desemprego e juros altos e pediam melhorias na saúde e na educação.
A divulgação, principalmente pelas redes sociais, onde se travou uma batalha à parte, de que o eventual impeachment de Dilma colocaria no Palácio do Planalto, pela linha sucessória, o vice-presidente Michel Temer, presidente da Câmara, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, todos do PMDB, baixou a temperatura daqueles que queriam a cassação da presidente. A volta dos militares foi rechaçada pela maioria dos manifestantes.
Se o tiro das manifestações tinha como alvo o governo e o PT, os estilhaços atingiram toda a classe política.
Os manifestantes portavam em sua maioria bandeiras do Brasil e não permitiram que bandeiras de partidos participassem das carreatas. Nenhum político teve direito a microfone. Aliás, a maioria dos políticos preferiu acompanhar as manifestações de casa. Nada de por a cara para fora. A maré não estava para peixe.
Alguns manifestantes se orgulhavam de os protestos não terem a participação de políticos. Foi um duro recado à classe política, que teve que assistir e não participar deste momento histórico. Não houve espaço para que alguém capitalizasse politicamente o movimento, que dessa vez teve a participação majoritária da classe média.
As manifestações já começam a dar resultados. Ontem à noite, o governo (que não contestou as manifestações) anunciou para os próximos dias um conjunto de ações de prevenção e combate à corrupção. E políticos do governo e da oposição falaram em “agenda propositiva” e manifestaram desejo de uma profunda reforma política, especialmente no que se refere ao financiamento de campanhas eleitorais. Ou seja, o que se busca agora são mudanças num sistema que se mostrou ineficiente.
Com os movimentos de ontem o que saiu realmente fortalecido foi a democracia brasileira. A Nova República, como foi batizada o período iniciado em 1985, pode estar se acabando e um novo período político está surgindo. Mas isso só é possível porque a jovem democracia brasileira está fortalecida, consolidada e se oxigenando a cada manifestação.

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