Discordo imensamente do senhor, Prof. Ivan Ramos Berrnardo quanto àquele seu comentário postado ontem (19) às 08h21m no Blog do Joaquim de Paula:
A pregação do voto nulo, Prof. Ivan, é o ato manifesto da personificação do egoísmo e presunção partidários doentios, claramente divulgado por quem está com sua sigla partidária excluída do atual processo eleitoral, isto por falta de convencimento da ideologia e de adesões dos eleitores, e daí anima-se a desestimular a prática do processo democrático ente os votantes.
Prof. Ivan, é preciso ter bravura pessoal e consciência de responsabilidade cívica pelo ato de escolher apenas entre os dois únicos candidatos, porque se assim está posta a situação eleitoral em nosso país neste momento, o foi em respeito ao nosso sistema legal eleitoral e à Constituição da República.
Quem desrespeita, induz ou incita votante a desrespeitar a legislação, o faz também contra a boa ordem, e não está participando do exercício democrático, mas antes vivendo à sua margem, fazendo mal uso de um direito, instigando e propagando teoria de entendimento unicamente fisiologista contra a necessidade de renovação do poder político no comando do país.
Com certeza, Prof. Ivan, se o PSTU, ao qual o senhor é filiado, estivesse participando do 2º turno das atuais eleições presidenciais, é inequívoco que eu não estaria aqui agora contraditando comentário de ninguém do partido por incitar os eleitores a votarem nulo, não é mesmo? É preciso não afrontar a sensatez das pessoas, nem tentar desconstruir o que está instituído pela Lei e a ordem.
Foi com essa mesma prática, Prof.Ivan, que o PT chegou ao poder – aliás, do qual a maioria dos integrantes dos sempre irmanados PSTU e PSOL é egressa por expulsão ou defenestração, mas que não se fundem nem se aglutinam porque antidemocráticos, apesar das constantes alianças em cada período eleitoral -, e agora deu no que estamos vendo.
Depois de 12 (doze) anos no poder a podridão aplicada às anteriores conquistas democráticas, tão duramente enfrentadas por todos nós nos idos tempos verde-oliva do período da Ditadura, hoje está insuportável, Prof. Ivan, e por isso os que ainda guardam algum alento de dias melhores para todos indistintamente, como nós, tem coragem e brio de reclamar e lutar por mudança, por alternância no poder. Fidel é o “melhor” mau-exemplo disso que o senhor prega, Prof. Ivan; há quase 50 anos que Cuba é um país rico com um povo absolutamente miserável materialmente!
Antecipo-lhe que imagino argumentação alguma aqui o demoverá, porém, confesso-lhe francamente: nunca fui a favor de reeleição em setor algum da vida, nem em eleição pra síndico de condomínio; o estofo da cadeira do poder é campeã em produzir cegueiras, arrogâncias, empedrar corações e escravizar veladamente sempre os mais necessitados, seja material ou de conhecimentos.
Por isso é chegado o momento de apoiarmos de modo altruísta e destemidamente a mudança, Prof. Ivan, com desapego a instâncias pessoais. Só assim teremos depois O DIREITO de exigir de AÉCIO NEVES – como o fizemos por tantas vezes em relação ao governo federal atual, mas não fomos ouvidos, porque falávamos para atores da corrupção velada que grassa(va) -, entre outras, o fim da reeleição, a moralidade e a reforma urgente do sistema administrativo do governo federal, sobrecarregado de cargos comissionados presos à tetas da Viúva, que a cada ano põe mais costelas à mostra, bem como as reformas que ele tem registrado e divulgado em seu programa de governo.
Prof. Ivan, o senhor bem sabe por seu nobre ofício do magistério; quanto mais se pratica a escrita e a leitura, melhor será a caligrafia e capacidade de apreensão do objeto do conhecimento pelo aprendiz; assim é também o ideal de justiça e do exercício constante da prática democrática: ambos não podem ser represados pelos tijolos dos interesses exclusivos de um ou mais partidos políticos.
Temos um sistema legal eleitoral em vigência, uma Constituição Federal com mais de 26 anos de vida, respeitada pelas instituições – malgrado alguns poucos tentem agredi-la volta e meia com suas canetas -, mas que foi construída depois de mais de décadas de sofrimento, de silêncio imposto a baionetas e “urutus”, com sangue e morte de muitos. Pena que alguns sobreviventes hoje estejam no governo – ou cumprindo penas criminais – tenham deturpado a brava luta.
Aliás, no mesmo ano em que o senhor nasceu (agosto/1969) em nosso torrão natal comum (aí também nasci em julho/1952), o governo ditatorial decretava em dezembro daquele mesmo ano o monstruoso instrumento chamado AI 5, que estabeleceu o regime de exceção, que cassou entre outros tanta figuras ilustres e nobres da história política nacional, como JK, o noroestino Deputado Federal, Dr. José Alencar Furtado, o ex-prefeito de nossa terra e médico, Dr. Antonio José Messias, aposentou juizes, calou garantias individuais como o habeas-corpus, sumiu com pessoas, etc.
De quebra soltou-se pelo país o dragão fumegante da repressão militar, cujos danos todos sabemos hoje. Mas isto, esta informação, só a temos agora graças à força da democracia que se instalou definitivamente na vida de nosso país depois de tudo aquilo que vivemos pessoalmente, Prof. Ivan.
Defendamos a democracia na sua forma mais pura, verdadeira e sem olharmos para nossos umbigos, Prof. Ivan, porque uma coisa é conhecer a história pelos compêndios, outra é tê-la vivido e dela participado. Pregue e lute pelo progresso comum de todos, pela mudança contra o que é nocivo para o povo, e não apenas pela estagnação que provoca o voto nulo na vida da região e do país.
USEMOS COM CONSCIÊNCIA A LEGITIMIDADE DO VOTO; VOTEMOS COM VALIDADE!
Aceite o meu abraço e os meus respeitos, Prof. Ivan. Deste seu conterrâneo, ZÉ ROBERTO BALESTRA
Em tempo: contrariando o que alguns imaginam, não sou nem nunca fui filiado a partido político algum; e se assim ajo é porque a viva LIBERDADE DEMOCRÁTICA de meu país me permite.