Quando Roberto Requião (PMDB) se elegeu, em 2010, para um mandato de oito anos como senador da República, analistas diziam que seria sua última eleição e que depois de deixar a Câmara Alta penduraria as chuteiras. Para corroborar esta análise e reforçar a tese, até meados do ano passado, lembravam que ele perdeu a convenção municipal de Curitiba e a estadual que escolheram os novos dirigentes partidários.
Em junho do ano passado, quando o país foi sacudido por manifestações desgastando o Governo Federal e o PT, muitos paranaenses passaram a acreditar que Requião poderia ocupar o lugar que estava destinado a senadora petista Gleisi Hoffman, até então a única pré-candidata em condições de disputar em pé de igualdade as eleições deste ano contra o governador Beto Richa (PSDB). Depois veio o episódio envolvendo o deputado André Vargas, que desgastou ainda mais a petista e ajudou Requião a crescer nas pesquisas de intenção de votos.
No final do ano passado tornou-se público que o Paraná vivia uma grande crise financeira, com obras paradas e faltando dinheiro até para consertar viaturas policiais que estavam em oficinas a espera de pagamento para serem liberadas. Tal fato desgastou o tucano Beto Richa e Requião continuou crescendo nas pesquisas.
Mas Requião, apesar do crescimento, tinha que consolidar sua candidatura dentro do próprio PMDB. E teve que percorrer o Estado todo em busca de votos. De quebra passou a difundir que os que não queriam a candidatura própria e defendiam a aliança com Beto Richa, como queria a maioria dos deputados estaduais do partido, estavam “vendidos”. A estratégia deu certo. E ontem ele conseguiu garantir sua candidatura.
Requião tem 73 anos, é formado em direito e em jornalismo. Ele foi governador do Paraná entre 1991 e 1994 e entre 2002-2010, por dois mandatos seguidos. O atual senador também já foi prefeito de Curitiba, nas eleições de 1985, a primeira após a ditadura militar. Requião também já foi deputado estadual e secretário estadual de Desenvolvimento Urbano. Atualmente, Requião cumpre o segundo mandato como senador.
Com a confirmação da candidatura de Requião ao Governo do Estado, a presidente Dilma Rousseff (PT) ganha um segundo palanque no Paraná, muito embora o senador não venha poupando a petista Gleisi de suas críticas.
Mas como dizia o craque Didi na década de 50, “treino é treino, jogo é jogo”. E o verdadeiro jogo eleitoral está começando agora. E ainda não se sabe quem são os adversários, uma vez que além de Beto, Requião e Gleisi podem aparecer outros concorrentes, como Rubens Bueno, do PPS, e Rosane Ferreira, do PV, que também é cotada para ser vice de Requião.
Segundo um jornal de circulação nacional, “Requião está em segundo lugar nas pesquisas. Sua candidatura confirmada pode ajudar, neste momento, a evitar uma vitória de Richa no primeiro turno, assim como tirar Gleisi da disputa”.