por Renato Benvindo Frata
Deus, com sua sapiência desejando valorizar sua criação, deu a Adão o poder dos substantivos. Diante de sua justificável ignorância, lhe explicou o significado e disse: “– Nomine a todos. Do menor ao maior ser animado ou inanimado. Você pode! Tente.” Sorrindo, Adão danou a dar nome a tudo, ao boi, à vaca, ao cavalo, à casa, à cadeira, à minhoca, ao escaravelho, ao pente e assim por diante.
Ao vê-lo tão motivado, Deus se lembrou que deveria ter lhe dado também o poder dos adjetivos, mas como Adão já havia nominado um mundão de bichos, plantas e minerais, achou melhor reservar para si aquela responsabilidade, afinal, sua criação poderia não estar suficientemente preparada para aquela importante missão.
E foi ter com Adão. Esse ao ver o Pai chegando, mostrou-se agradecido pela inteligência recebida e aproveitou para mostrar o que sabia: apontou para um animal sujo que passava e o nominou:
“– És um pouco!” – disse.
“– Ótimo – observou Deus. É assim que se faz.”
E, para mostrar o poder do adjetivo sobre o substantivo, com muita calma e complacência o ensinou o que era qualidade aproveitando para dar ao porco recém nominado, as qualidades que conhecemos.
Passaram a tarde nessa toada qualificando a todos, ao cão, ao camelo, ao elefante, ao avestruz, até que Adão pudesse ganhar experiência, assimilasse a lição e tocasse sozinho o projeto.
Terminada a tarefa de nomes e qualidades e mesmo estando exaustos, passaram à nominação dos humanos: homem, mulher, criança, moço, moça, velho…
A pouca experiência do aprendiz aliada ao excesso de trabalho, talvez, fizeram com que ele em certo momento, misturasse as fichas dos seres e se perdesse na tarefa de nominar e qualificar. Mas Deus tinha pressa, o mundo tinha que ser inaugurado e não havia como retardar os trabalhos, por isso resolveram tocar assim mesmo.
“– Errinho à toa” – pensou o Pai – ninguém notará…
Até que chegou a hora da nominação do político brasileiro, instante em que, sem se preocupar com o equívoco das fichas misturadas, Deus acabou por lhe atribuir a mesma qualidade do porco.
Erro corrigível, mas que por extrema falta de tempo, se perpetuou.
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Moral da história: em se tratando de nossos políticos, até Ele se não se cuidar, se engana…