Os DIAS SEGUINTES

Publicado em 27 de março de 2020

A maioria das empresas está parada e os trabalhadores confinados com a liberdade restrita. Muitos não receberam e não sabem quando e se receberão o salário de março. Empregadores ciosos tudo farão para que o dinheiro chegue às mãos dos seus; outros, valendo-se do caos, “esquecerão” do compromisso e outros ainda, não poderão pagar. É uma realidade: há mau patrão e há o que não poderá honrar o compromisso. Os autônomos também não faturam com o comércio fechado e essa é uma gama de milhões de profissionais que vivem na informalidade.Ações governamentais como o auxílio de R$ 600,00 por três meses, ajuda, mas não resolve. Empréstimos bancários poderão amenizar o problema, mas terão que ser pagos e Deus sabe a que taxa de juros. Nessa condição o amanhã será incerto se não se tomar atitudes decisivas. 

Temos aptidão de consumir produtos importados ou encomendados no exterior, e o fazemos deste os anos 60 quando os Beatles e outros modificaram nosso comportamento. Hoje, setentões, vimos que ensinamos nossos filhos a gostar do importado como melhor e mais bonito. Em certo ponto foi; a indústria nacional pecou muito na qualidade, mas hoje compete na arte de bem fazer, basta ajustar custo e preço. 

Se quisermos vencer a crise que vai se alongar, pensemos nos nossos próximos dias, os seguintes à pandemia, pois, ao retornarem ao funcionamento, poderão empresas não terem matérias primas suficientes para a continuidade do negócio; e muitos patrões terão dificuldades de crédito para adquiri-las. Será o final dos tempos? 

Não. Não há monstros na escuridão, apenas cautela. Além das ações oficiais e do crédito a ser oferecido, lembremos que empresas empregam milhões de pessoas que produzem para si ou por encomendas e que juntas abastecem o varejo de roupas, calçados, mesa e banho e utensílios. Ao produzi-los, põem em cada peça uma etiqueta/selo de identificação do fabricante e do lugar de fabricação. O que tem isso?

Se adotarmos o hábito de observar as etiquetas/selos e dermos preferência aos produtos fabricados aqui, ajudaremos na preservação dos empregos e, por consequência, a economia se fortalecerá. Aí está uma das saídas para que a escuridão que se avizinha se desfaça: o fomento ao comércio e por sua vez, à nossa indústria. Será um facho a mais de luz a dissipar trevas. 

Priorizando a indústria nacional estaremos não só preservando os atuais empregos, mas oportunizando a que boa parcela dos quase 12 milhões de desempregados encontre o seu. 

Atos de compromisso, solidariedade e patriotismo, afinal, liberdade e emprego são bens cuja importância só se dá quando se os perde. Que o diga quem está de quarentena.

por Renato Benvindo Frata

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Um comentário sobre “Os DIAS SEGUINTES

  1. Por outro lado, preferir apenas produtos nacionais estimulará a tão criticada voracidade do governo, uma vez que os impostos nacionais tornam-nos extremamente caros quando comparados aos produtos importados.

    Vale lembrar que os impostos, assim como os aluguéis, fazem parte do custo do negócio do empresário e são embutidos no preço pago, de fato, pelo consumidor final.

    Bizarramente, não se dá o mesmo destaque aos aluguéis como é dado aos impostos, mesmo que aqueles constituam-se na principal sobrecarga de muitos empreendimentos. Talvez isso decorra da ilusão na qual aluguéis caros impedem a entrada de novos concorrentes e o consequente achatamento dos lucros. Entretanto, grande parte daquela arrecadação é reciclada em novos financiamentos imobiliários e sugada pelo sistema financeiro, não retornando ao mercado e deprimindo-o ainda mais.

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