Dedo na ferida

Publicado em 17 de novembro de 2012

Um médico da rede municipal de saúde será investigado pela Secretaria Municipal de Saúde e pelo Ministério Público. A denúncia: ele estava afastado por problemas de saúde, apresentou atestado de um colega, mas continuava trabalhando em seu consultório particular. Ora se não podia exercer a função na rede pública, certamente não poderia fazê-lo em consultório particular.
A notícia é manchete de hoje do Diário do Noroeste e recentemente o assunto foi abordado pelo jornalista Benedito Praxedes, em seu blog, que questionava o elevado número de atestados médicos apresentado pelos próprios médicos.
O médico que será alvo da investigação não teve seu nome revelado. Na prefeitura, a Comissão Permanente de Disciplina vai avaliar o caso e, comprovada a irregularidade, vai propor as penalidades.
O fato vai trazer à tona uma discussão que sempre foi feita veladamente. Que Paranavaí tem problemas na área da saúde é inquestionável. Foi o assunto mais debatido nas eleições municipais deste ano. Paranavaí não é um caso isolado. A saúde dominou os debates nas pequenas e grandes cidades Brasil afora. E candidatos se esmeraram em apresentar propostas de soluções.
Mas a solução requer um debate muito mais amplo. De nada adianta o poder público fazer sua parte, se as outras partes envolvidas não fizerem a sua.
O poder público tem culpa? Tem.
O usuário tem culpa? Tem (quantos vão aos médicos sem necessidades, apenas para ter um atestado? Ou vão a um Pronto atendimento apenas para furar a fila, pois num posto de saúde demoraria um pouco mais?).
Mas o sistema ainda é perverso também por culpa dos médicos. Eles não cumprem horário, promovem gastos desnecessários (o principal deles é no pedido de exames, que dão negativos em mais de 80%) e não podem sequer ser advertidos. Isto porque, sabedores da falta de profissionais, se chamarem sua atenção, simplesmente pedem demissão.
A irregularidade detectada em Paranavaí não é um caso isolado e pode levar profissionais a pedirem demissão. Quais? O que costumam fazer o mesmo que este fez.
Também veladamente se fala em “máfia branca”, em “intocáveis” e até uma frase maldosa: “os médicos se dividem em duas categorias: aqueles que acham que são Deus e os que têm certeza”.
Oxalá este caso leve a uma discussão mais profunda sobre a saúde pública, com a participação do poder público, dos usuários, através dos conselhos de saúde (que também nunca ousaram enfrentam os médicos) e os médicos. Sem este debate com a participação dos três elos, nenhuma iniciativa para dar a população um serviço de saúde com mais qualidade terá êxito.

Alda - 391x69

6 comentários sobre “Dedo na ferida

  1. Falem com o Pó Royal que ele resolve esse problema, pois em assuntos da saúde ele é um, ou o melhor entendedor…e assim vai resolver logo logo essa questão! Porque ele não denuncia quem é o médico, se ele diz nunca esconder nada da população. Será que tem medo de retaliação? vamos vereador….DENUNCIE!!!

  2. no consultório, taturaNMA, o médico cobra de 200 a 300 reais.
    eles vão trabalhar para prefeitura e receber menos de 10 reais ????
    PARANAVAÍ SÓ PAGA BEM SECRETÁRIOS.
    Se a pessoa tiver um infarte, ou AVC, tá junto com a Hebe.
    Aqui não tem um cardiologistae um neurologista que opera ninguém, nem pagando.
    Tem que por na ambulância e levar para fora. E tem que ser ambulância da Unimed, pois não temos ambulância grátis, da prefeitura. Aqui é terceiro mundo.
    Aqui tinha um vereador que ganhava toda eleição só porque dirigia a ambulância.
    Prefeito aqui devia pegar o dinheiro dos secretários e contratar pelo menos 2 médicos, um que opera coração e outro a cabeça.
    Paranavaí em 1970 era quarta ou quinta cidade do Paraná, perdia para Curitiba, Ponta Grossa, Londrina e era pau a pau com Maringá. Hoje tamos no 27º lugar em cidade do Paraná.
    Médico aqui só pra receitar Melhoral.

Deixe uma resposta para Bozó Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.