As mazelas brasileiras

Publicado em 16 de novembro de 2015

A tragédia diária no Brasil não é menos pior do que a da França. Morrem mais de 100 crianças por dia, seja de fome, na miséria, em situação de extrema pobreza. Morrem brasileiros, e não são poucos, nas filas dos hospitais, por falta de cirurgia, por falta de atendimento, por falta de humanidade e solidariedade. E o pior: morrem esperando no chão sem direito a uma maca.
Neste contexto fatídico, e diário, é óbvio que não podemos desfocar ou deixar de ter piedade e orar pelas vítimas de Minas ou da França.
A grande preocupação é como, muitas vezes, vemos as notícias de forma fragmentada, sem nos comovermos com o óbvio e com nossa própria realidade. É certo que nenhum tipo de atentado, terrorismo ou guerra se justifica. Contudo, impressiona esses modismos de comoção social, esquecendo as vítimas brasileiras diárias. No Quênia os mesmos terroristas islâmicos mataram 147 pessoas em uma universidade. E as pessoas mudaram foto do perfil no Facebook? Porque país pobre, não dá audiência! Nossa vontade é muito mais viajar pra Paris (não há nada demais nisso), do que se preocupar com a verdadeira causa humana.
O bombardeio dos noticiários têm efeito preocupante. Nos fazem “navegar” no impressionismo da notícia. Enquanto aguardamos a próxima, somos manipulados a acreditar que somente este ou aquele fato tem maior ou menor relevância. Nada demais mudar a foto do perfil. Mas porque não mostrar também as mazelas brasileiras?
É incrível. Quanto maior o número de catástrofes internacionais, em países ricos, até parece que diminuem os problemas brasileiros.
E assim, vamos seguindo neste universo midiático, com os mesmos problemas de sempre!

Alda - 391x69

8 comentários sobre “As mazelas brasileiras

  1. Por detrás das vitórias de Alexandre, encontramos sempre Aristóteles.
    Charles de Gaulle!

    Parabéns pelo Artigo!

  2. Governos estaduais e federal gastam dinheiro público com luzes iluminando repartições e monumentos públicos para mostrar à mídia que se solidariza com a França, no Brasil o barro impregnado de corrupção e malversação do erário que sujou e suja a história de milhares de pessoas, o barro que ceifou a vida de pessoas e destruiu patrimônios e esperanças em Minas Gerais e alastra-se por outros estados,o barro que arrasou famílias inteiras parece não ser tão interessante para a MÍDIA e nem tão midiático para o GOVERNO.
    O que aconteceu em Paris é sim motivo para o mais profundo repúdio por parte do povo brasileiro, mas o que aconteceu aqui dentro é motivo para o mais abrangente respaldo e atenção dos nossos governos e governantes, abrindo alas o FEDERAL e da nossa mídia, cerrando fileiras a VÊNUS PLATINADA incentivando e criando programas de apoio e motivando a população a ser mais solidária. E melhor parar de querer arrumar a tramela depois que o larápio entra, deita e rola, no cafofo.
    Excelente texto para reflexão ARY.
    Sergio Jose – Old Rubens.
    “Depois do acontecido, este ano ficarei novamente com vontade de ir a Paris. Não pelo repugnável ato terrorista, mas pela dureza da coisa, pelo arrocho que se desenha no horizonte não tão longe, ano passado tive vontade de ir a Paris e não fui, este ano ficarei novamente na vontade. Se bem que as bombas que estourarão aqui, de outras formas e consequências, ceifarão muito mais vidas que o fatídico acontecido na cidade luz.

  3. É bom saber que as pessoas ainda não perderam a capacidade de se indignar contra o barbarismo. Infelizmente, essa capacidade, quando dirigida ao seu próximo, parece adormecida, ressurgindo apenas quando incitada pelos milionários donos da telinha mágica.

    • Caro “Cidadão”, gosto de seus comentários, mas acho que neste agora mediu A TODOS por sua régua; desculpe, ao menos quanto a mim posso lhe assegurar que você se enganou. Não sou movido a provocações de qualquer espécie. Quem me conhece um pouco mais, e há mais tempo, sabe que nunca me deixei guiar por ninguém, exceto por minhas próprias convicções. Talvez por isso muitas vezes eu não agrade por não participar de grupos; é o preço que pagamos pela independência e a liberdade, meus bens mais preciosos. Abs

      • Longe de mim querer medir alguém e penitencio-me se assim pareceu. Apenas quis manifestar minha concordância com o nosso articulista, quanto ao poder de manipulação da mídia, e que “muitas vezes” não nos comovemos com o óbvio.

  4. Amigo meu, finado há muito, sabia La Marselhese inteirinha e de cor. Sempre que a cantava, chorava.
    Parecia prevendo…
    Enorme Valdemar Lima, comunista que, dentro duma caverna no alto da serra da Bodoquena, pantanal sulmatogrossense, esperava o sol a pino para reluzir nas águas através dum cachimbo.
    1.978, ficamos os dois sentados na margem da lagoa dourada aguardando o facho de sol.
    Meio dia, ele se apresentou.
    Nas águas, reflexos de um milhão de diamantes.
    O meu comunista preferido gritou:
    Quem disse que Deus não existe?

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