O “jeitinho brasileiro” fracassou!

Publicado em 10 de março de 2015

O povo Brasileiro culturalmente se vangloria de seu gingado. Da sua capacidade de driblar. De tomar vantagem, em detrimento do próximo, do chamado “jeitinho brasileiro”. Como se isso fosse uma característica própria e marcante, que o diferencia dos demais habitantes deste planeta, o que lhe tornaria inteligente, malandro e esperto.
Em outros tempos, talvez num jogo de futebol, fosse uma vantagem, pela capacidade de improviso e quebra das organizações táticas. Contudo, nos dias atuais, o famoso “jeitinho brasileiro” não sobrevive mais. Nem mesmo nos campos de futebol. Esta afirmação foi confirmada pela própria força organizacional Alemã que desmontou nossa seleção brasileira na última copa do mundo. Pois bem, esta prática imoral que infecta as relações sociais, fracassou até mesmo nos campos de futebol.
É histórico que o folclore do “jeitinho” marca definitivamente nossas relações interpessoais e sociais. Definitivamente, abala as estruturas e as bases de um convívio respeitoso, honesto e justo. É a manifestação prática da corrupção, de desvios de conduta, de atitudes interesseiras e sórdidas. O jeitinho brasileiro é a raiz de um dos maiores males que assola e afronta nossa Nação. Deságua fortemente na CORRUPÇÃO, no EGOÍSMO e NUMA PROFUNDA CRISE MORAL E ÉTICA que atualmente vivenciamos.
É possível sonharmos com uma sociedade mais justa e fraterna enquanto o “jeitinho brasileiro” for aceito socialmente, como práticas cotidianas? É óbvio que não! São muitas as manifestações que incorporam socialmente e já nem mais são enfrentadas pelo próprio processo educacional. Temos milhares de exemplos: Furar fila, estacionar em faixa dupla, comprar produtos falsificados, oferecer vantagens para conseguir benefícios, atrasar nos compromissos, voltar velocímetro de carro para enganar consumidor, não devolver troco, jogar papel no chão, não parar na faixa de pedestre, colar na hora da prova e tantos outros.
As causas do “jeitinho brasileiro” são profundas. Uns dizem que é falta de religião! Eu digo que Não! Temos milhares neste País. Poderia concordar se dissessem que é falta de religiosidade. Isto sim! Um sentimento espiritual muito mais íntimo e interior. Sem rótulo.
Ora, é triste ver que muitos filhos já não tratam os pais com o mesmo respeito de antigamente. Na gênesis do problema, simplesmente acusam o atual modelo educacional de ser fracassado. Pode até ser! Mais é fato que os professores são refém desse modelo vicioso, onde já recebem crianças com informações deturpadas e a própria família decadente. É sintomático afirmar que o elemento respeito não incorpora mais as ações do ser.
Ainda prefiro o tempo que, quando chamavam os pais para ir conversar na escola, o filho já estava errado! Tremia! Havia respeito. Hoje se o professor tomar o celular do aluno, ainda é processado por dano moral e responde processo administrativo. Absurdo! Não vamos nem adentrar no campo dos vícios das drogas e do álcool que também afeta, sobremaneira, a juventude e as famílias brasileiras. Hoje, simplesmente, me refiro ao vício da vantagem indevida, da malandragem, do egoísmo, da incompreensão, da intolerância e da profunda ausência de compaixão, que alcunharam de “jeitinho brasileiro”.
Essas virtudes não mais permeiam as relações humanas. Isto é fato! Com raras exceções que servem apenas para confirmar a regra. Até parece mentira, dizer que na Alemanha, atual campeã mundial de futebol, você compra o bilhete do metrô numa máquina, põe no bolso e entra no metrô livremente, sem catraca, e sem controle nenhum. O estado confia no seu povo! Vigora o princípio da confiança. No Brasil, o jeitinho brasileiro empreende uma total desconfiança e desequilíbrio nas relações, seja estado-cidadão ou cidadão-cidadão.
O Jeitinho brasileiro é a manifestação sumária do próprio egoísmo, pois o que importa são, infelizmente, os interesses pessoais. Para que possamos fazer uma reflexão meditada, finalizo com a lição filosófica do professor Rivail: “mesmo que a justiça humana não alcance, mesmo que aceito socialmente, pois toda conduta que prejudica alguém gera desequilíbrio no Universo, fazendo surgir a necessidade de reparação, nesta ou em outra existência. E o que parecia ser uma vantagem, conquistada pela “malandragem”, torna-se um fardo para o praticante carregar até corrigir o que fez de errado”.

Alda - 391x69

4 comentários sobre “O “jeitinho brasileiro” fracassou!

  1. O brasileiro, paranaense extensivo a nós paranavaiense, não fugimos a regra. Criticamos bem (da boca para fora), invejamos bem, votamos mal, fiscalizamos mal nossos representantes e exigimos pouco. Temos presos de mais para cadeia de menos. Temos mandados a serem cumpridos que se o forem teremos que levar os reclusos para casa, feito intercambio de clube de serviço. Temos leis impecáveis que caem no desuso e no esquecimento feito novela dali alguns meses. E se for enumerar as mazelas, falta ombro até inimigo para chorar.
    Prendemos na hora o cara de dirige com dosagem de álcool no rabo ferramos com a situação do mané. (não que seja indevido), Mas passamos ao largo de quem tunga milhões ou bilhões que deveriam ir para a saúde, educação, infra estrutura, transporte urbano, combate a endemias. Enfim… Até as populações mais carentes.
    Vemos muitos servidores se debruçarem em cargos concursados e produzirem o minimo com a estabilidade garantida com salários estratosféricos enquanto grassa o desemprego ou enquanto seus pares menos favorecidos carregam o piano da repartição. Enquanto as melhores faculdades do país formam as melhores mentes que deveriam ir para a iniciativa privada produzir idéias e soluções. Muitas destas mentes diferenciadas e preparadas, preferem aninhar-se no serviço publico e ter a estabilidade de um judiciário, um legislativo ou um poder executivo. Muitas delas poderiam, se estivessem o apoio e o investimento devido, produzir riquezas para o pais exportar. Em remédios, fórmulas, invenções, patentes. Como o fazem o Japão, Coréia do Sul, Estados Unidos e outros países focados na educação como um dos carrilhões da sociedade.
    Mas… Deus esta ai prá taiá. Parafraseando o matuto. Este sim… o matuto o mais esperto e genuíno brasileiro. O que era chamado de ignorante, mas o unico que pensa mais de uma vez para decidir o que quer que o seja.
    Sergio Jose – Old Rubens.

  2. Ary, seu artigo é deveras profundo, e talvez poucos percebam a dimensão e o alcance dessas suas palavras.

    Quanto a mim tomo-as não como expressões de revolta de um cidadão de bem diante dos desmandos que estamos assistindo se dar em nosso país.

    Muito menos o faço sob sombras da influência mesquinha de algum preconceituoso estigma partidarista, mas sim creio piamente que devamos recolhê-las como uma advertência à reflexão individual em busca sobretudo da evolução espiritual de cada um, único meio pelo qual poderemos ajudar a modificar para melhor este mundo para depois ascendermos à iluminação quando do Chamado para a Volta à Casa do Pai.

    E assim tomando-as particularmente para mim, Ary, vieram-me à mente as sempre sábias palavras de VINÍCIUS, que se encontram gravadas nas páginas de “O Mestre na Educação”:

    “Já ensinou o inigualável Educador de Nazaré que só há um pecado e uma virtude: esse pecado é o EGOÍSMO e essa virtude é o AMOR. O mais tudo, seja na esfera do mal, seja na esfera do bem, são efeitos que daqueles dois elementos decorrem.

    O egoísmo tem suas raízes mergulhadas nas profundezas de nosso passado, requerendo por isso grande soma de esforços a sua erradicação.”

    E termina VINÍCIUS encorajando-nos à contínua luta frente a essas iniquidades decorrentes do EGOÍSMO às quais você se refere:

    “Inspiremo-nos nas seguintes palavras do inolvidável Apóstolo dos Gentios: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que saibais qual é a boa e perfeita vontade de Deus.” (Pedro de Camargo – Espírito Vinícius)

    Abs

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